OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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Avô italiano
A imagem que guardo de meu avô Francesco, nascido na Itália, no final do século XIX, é uma das expressões mais fortes. Não falava bem o português. Foi um dos fundadores do atual município de Vista alegre, onde presidia ofícios religiosos, na ausência do padre. Dos 15 filhos, resta a mais nova, tia Maria. Chorei muito ao saber de sua morte, em 1955. Na retina permanece sua imagem na cabeceira da mesa enorme e farta, do velho chefe de obras na construção da ferrovia. Com voz forte presidia a oração “ante pasto” e depois liberava para a refeição. Meu pai, (nascido em 1906) devotava enorme respeito ao patriarca, que suspendia a gamela da salada ao final do almoço bebendo o caldo (vinagre e banha), líquido que escorria rubente pelo longo bigode. Nós, netos, arregalávamos os olhos ao vê-lo enxugar o bigode. Depois, cercávamos o nono para ouvi-lo falar. Mostrava a fonte de água da sua propriedade e falava italiano apontando para as parreiras que cobriam a colina. Vó Lucia, não a conheci, pois falecera aos 60 anos. O avô, um mito.


Mesa Um
A confraria de Mesa Um do Bar Oasis terá encontro nesta quinta-feira no Comercial. O Dr. Nelci Astolfi, uma referência da cultura jurídica da cidade, será o anfitrião.

Falsário escarninho
Desculpem os leitores pela insistência no tema. Mas é demais. Na recente etapa da Operação Leite compensado foram recolhidas provas dos crimes (uréia, soda e álcool) na casa de um dos falsários, Odair Malati, de Campinas do Sul. A diligência recolheu também computador, onde havia uma gravação com a fala debochada de Malati que respondia informação sobre a sobra (estragada) de leite em distribuição. Escarnecendo da sorte das crianças que consumiriam o produto, gravou a própria voz dizendo como faria a adulteração, aos risos. Agora, enquanto corre o inquérito que vai para julgamento com vários réus, o MP, Ministério da Agricultura e Receita Estadual, fazem o rastreamento das receptoras. Coopasul, cooperativa de Campinas do Sul, a Cootal de Taquara, a Tambinho de Erechim, Frizzo de Planalto e Piracajuba de Santa Catarina estão na mira. O fisco cobra a sonegação de ICM.

Desigualdade
São Paulo é metrópole de desenvolvimento, mas de profundas desigualdades nos bairros. O distrito de Perus, por exemplo, com 160 mil habitantes, não dispõe de leitos hospitalares, tem alta de criminalidade, não tem praça nem teatro. Até na falta de água há desigualdade.

Os imigrantes
Entre tantos autores que descreveram a saga dos imigrantes italianos que aportaram ao Brasil, desconhecido e selvagem, Fidelis Dalcin narra episódios e histórias emocionantes. Os desafios dos colonos desbravadores são incríveis. Trabalho e sofrimento. Ao celebrarmos os 140 anos da imigração italiana, o Brasil inteiro sabe o quanto foi valiosa a contribuição desses pioneiros, no Rio Grande, São Paulo e em todos os estados. Produzindo alimentos sustentaram luta ingente, munidos e movidos por esperança e fé. Esta garra, e a saudade reprimida geraram progresso na agropecuária e na indústria. Muito do que se vê é fruto desta saga!

Ricordi d´Itália
Este é o ano das comemorações dos 25 anos do Coral Ricordi d’Itália, em Passo Fundo. Glaci Bortolini (nossa presidente) tem sido incansável nas iniciativas de arte e cultura que tornaram o coral um patrimônio de nossa terra, que teve seu solo regado pelo suor de imigrantes italianos e descendentes. É justa memória. Nas vozes do coral são repetidas canções que descrevem a nobre missão e sentimentos, que falam do desenvolvimento gerado pelo trabalho imigrante. A música “Da L’Itália Noi Siamo Partiti” tornou-se hino de louvor e sentimento que alude ao convívio na América Latina: “L’America l’é lunga e l’é larga/ L’é formata di monti e di piani/ e com l’industria de noaltri iteliani/ abbian  fondato paese e citta”. Esses imigrantes semearam riquezas, cultura, religiosidade e devoção ao trabalho.

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