Eu esperei pra ser mãe. Aos 33 anos, aguardei o que considero o momento certo, tanto pessoal quanto profissionalmente. Com essa etapa cumprida e chegando às dezoito semanas de gestação, começo a sentir a angústia que é a espera pelo bebê... Assim que a gente ouve o coraçãozinho do pequeno ser acelerado a mais de 150 batidas por minuto, é impossível não se pegar sonhando. Primeiro com o sexo do bebê. Depois, em tentar imaginar como ele será. Vai ter meus olhos verdes e a cor da pele do pai? Talvez tenha os olhos caramelo do pai e os cabelos loiro-claros da mãe! Vai torcer pro Grêmio que a mamãe adora ou pro Internacional que o papai idolatra? Melhor, será que vai gostar de futebol?
Bem dizem que a gestação é aquele período de adaptação, justamente de “se acostumar com um encargo”, como insinua o significado do termo gerere, origem do verbo gestar. É o período em que devemos nos acostumar a ter nossas vidas alteradas completamente, nossas noites de sono reduzidas, nosso tempo reprogramado para atender ao novo membro da família. Ao mesmo tempo em que torço para que tudo corra normalmente e a vinda do meu pequeno não seja antes do previsto, é impensável não sentir ansiedade durante a gravidez.
Logo no primeiro trimestre, em seguida da descoberta de que a gente está gerando uma vida, é chegado o momento de fazer os primeiros exames do pré-natal. Com eles vem a fase de ansiedade (angústia, na verdade!) para que os resultados deem todos dentro da normalidade. Uma amiga chama o morfológico de primeiro trimestre de ‘exame do pânico’, pois ele pode identificar uma série de problemas. Quando fiz o meu, após ouvir todos os itens apontados pela médica seguidos de expressões como: “isso está normal”, “dentro da normalidade” e, por fim, “tudo normal com seu bebê”, cheguei a controlar a ansiedade e dizer que nem havia necessidade de identificar o sexo do bebê. Ao que a médica responde: “há 90% de probabilidade de que seja um menino”.
Aquelas palavras soaram como a mais bela melodia já ouvida por mim e pelo papai faceiro que olhava com os olhos lustros o monitor do consultório, onde nosso pequeno mexia, chupava o dedo e dava verdadeiras cambalhotas. Pois é, cambalhotas!!! Aí é que vem a dúvida da minha angústia nesse momento: quando é que eu vou sentir esse bebê chutar, gente? Eu sei que pra conhecer a carinha dele ainda demora, mas estou louca pra conseguir sentir ele crescendo em meu ventre!
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