Foi encontrada num cofre do Colégio Anchieta de Porto Alegre uma mensagem datilografada com autógrafo de Albert Einstein com data de 24 junho 1951 em que consta: “quem conheceu a alegria da compreensão conquistou um amigo infalível para a vida. O pensar é para o homem o que é voar para os pássaros. Não toma como exemplo a galinha quando podes ser uma cotovia”. Como escreveu Jayme Caetano Braun: “jamais há de ser lagoa quem traz anseios de rio”. O genial físico deveria estar maravilhado ou decepcionado com a evolução da humanidade se vivo estivesse nos dias de hoje? Estava olhando pela janela do quarto de minha filha e o Bairro Boqueirão convida a mais uma caminhada. Lembrei de uma foto tirada em 1971 em que ficou registrado Henry Ruschel e eu, imberbes, no Boqueirão. O futuro de cada um de nós? Não lembro o que pensava ser, mas sei que lutei por ele: estudei, ralei, empreendi, não desisti, busquei.
O mundo de Einstein é o da descoberta, do descortinamento dos mistérios do universo e de nós mesmos. A cada revelação dos mistérios do mundo vamos sendo apresentados a nós mesmos. O mundo de Einstein poderia ser imaginado como progressão geométrica do conhecimento e, pelo menos, progressão aritmética da dimensão humana. Mas, o que se vê? Mortes no trânsito, infanticídios, homicídios, crimes passionais, segregações sociais e raciais, roubalheiras, descasos. A gente lê e ouve e...o que é que houve?
Estamos socialmente numa naba. Não há mais grana para as UPAs, SAMU, hospitais, estudantes, servidores, professores e policiais. Há arrocho aos empregadores e aumento de impostos para você e eu. Não há jornada de literatura, meu time não craques, nem estádio, nem técnico (pelo menos até esse momento), não tem grana e nem títulos O mesmo Boqueirão me pergunta nesse momento sobre como será o mundo daqui há 50 anos, quando você e eu não estivermos mais presentes, mas os nossos filho e netos, sim? Como será? Ralamos por ele, buscamos, empreendemos, lutamos? Certamente o futuro não pertence aos habitantes passivos, simples expectadores aos que se imaginam como simples galinhas. Por isso é que dá medo. Por isso que poderíamos retroceder há 50 anos e recomeçar, tipo segunda época, tipo nova chance, tipo assim... O futuro do mundo não pertence somente a nós porque, se pertencesse, nos faríamos...o que é mesmo que nós faríamos?
Estamos socialmente numa naba. Não há mais grana para as UPAs, SAMU, hospitais, estudantes, servidores, professores e policiais.