O Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP) e a Agenda 21 apresentaram para a Comissão de Educação e Bem Estar Social (Cebes), durante reunião na manhã de ontem, um documento com propostas para a aplicação dos R$44 milhões disponibilizados pelo Ministério da Aviação Civil para obras de ampliação e infraestrutura do Aeroporto Lauro Kortz. As entidades sugerem a aplicação de parte destes recursos na realização de um estudo de viabilidade para a construção de uma nova estrutura aeroportuária em área adequada dentro de um prazo de cinco anos. Já em relação a outra parcela dos recursos, eles sugerem que seja destinada a melhorias que proporcionem conforto e segurança aos usuários na atual estrutura. O documento também contém um diagnóstico de toda a área de proteção ambiental, que contemplam desde a região das nascentes até as áreas de captação de água. Além disso, sugerem a criação de um grupo de debate regional para articulação e planejamento da nova área.
O grupo chama a atenção para a aplicação adequada do aporte de recursos que se pretende investir na estrutura aeroportuária. “Precisamos pensar no conforto e na segurança do local e dos usuários, mas parte desses recursos deve ser utilizada para um estudo de viabilidade de construção de uma nova estrutura”, salientou o coordenador do GESP, Paulo Cornélio. Segundo ele, dentro de um prazo de oito anos, as melhorias realizadas no local não serão suficientes para a demanda que irá exigir. Ainda, mesmo com a aplicação dos R$44 milhões previstos a estrutura não permite a utilização de aviões de carga. Além disso, Cornélio destaca que a área que o aeroporto Lauro Kortz está localizado é uma região extremamente sensível ambientalmente e, também, é a única existente para captação de água para consumo urbano e social. Diante destes aspectos, ele ressaltou a importância de se trabalhar de forma mais profissional, observando os aspectos científicos e menos políticos. A ampliação do aeroporto na atual área recai em outras preocupações que também foram apresentadas pelas entidades, entre elas, a possível instalação de outros empreendimentos próximos da área e também as ocupações humanas desordenadas.
Quem define a aplicação dos recursos?
O Ministro Eliseu Padilha, teria dito que o recurso destinado para o Aeroporto Regional de Passo Fundo deveria ser aplicado no aeroporto Lauro Kortz e não poderia ser utilizado para viabilização da construção de outra estrutura aeroportuária. Porém, o presidente da Cebes, vereador Sidnei Ávila (PDT) questiona este apontamento de Padilha. Segundo ele, para toda regra há uma exceção. “Não podemos permitir que este montante seja aplicado de forma equivocada e não atenda as nossas necessidades. Precisamos buscar ações para criar um aeroporto pensando no futuro de Passo Fundo”.
Neste sentido, Cornélio chama a atenção para as decisões centralizadas e políticas, sem estudo técnico e científico. Segundo ele, os gestores por medo de perder o recurso e sofrer um consequente desgaste tomam decisões embasadas apenas pelo aspecto político. “Essas decisões geram um desserviço para a comunidade. Não podemos mais admitir esse tipo de decisão que priorizam vontades e não aquilo que é necessário”.
Pacto de preservação e proteção das nascentes
Uma das ações propostas pelas entidades também é a criação de um pacto de preservação e proteção das nascentes. A intenção é criar um parque ecológico nas áreas que abrigam nascentes, espaços de captação e a Pedreira. O mecanismo permitiria a preservação desta região, impediria a ampliação do espaço urbano desordenado e poderia se tornar uma área turística da cidade.