Haitiana permaneceu nove dias na rodoviária

Marie, de 34 anos, não aceitou ajuda da assistência social e nem de um casal de conterrâneos que mora em Passo Fundo há dois anos. Ontem ela comprou passagem para Itajaí, para onde devia embarcar à noite

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Na tarde de ontem, grupo ajudou Marie a comprar passagem para Itajaí (SC)Na tarde de ontem, grupo ajudou Marie a comprar passagem para Itajaí (SC)
Na tarde de ontem, grupo ajudou Marie a comprar passagem para Itajaí (SC)
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Um grupo de imigrantes se mobilizou ontem para tentar ajudar a haitiana Marie Louime, de 34 anos, que estava praticamente morando na Estação Rodoviária há, pelo menos, nove dias. Neste tempo, ela chegou a ser atendida pela equipe de abordagem da Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social e foi encaminhada ao Albergue Municipal, mas não quis permanecer no local.

Uma das principais barreiras encontradas para auxiliar Marie foi a língua, pois ela fala no dialeto local, o 'haitiano criolo'. Na tarde de ontem (1º), porém, ela aceitou conversar com Dieubeny Manace, imigrante haitiano que mora em Passo Fundo há dois anos e meio. De acordo com ele, ainda na semana passada, quando soube da situação de Marie por outros imigrantes já tentou falar com ela e oferecer ajuda, uma vez que ele, sua esposa e filha são os únicos haitianos morando em Passo Fundo. “Quando fiquei sabendo que ela estava dormindo na rodoviária, pedi que minha esposa fosse falar com ela, para oferecer que ficasse na nossa casa até que a situação dela se resolvesse. Minha esposa tentou conversar com ela por mais de uma hora, mas ela se negou a mostrar qualquer documento ou aceitar a ajuda”, conta Manace.

Ele afirmou ainda que Marie somente pedia dinheiro para comprar passagem para Santa Catarina, onde encontraria com parentes. Na tarde de ontem, Manace foi ao encontro dela com o objetivo de lhe dar o dinheiro para comprar a passagem, mas antes pretendia saber para onde exatamente ela estava querendo ir e com quem iria ficar. “Eu quero ajudar dando o dinheiro para a passagem, mas preciso saber se ela tem mesmo com quem ficar para onde ela quer ir. Queria que ela desse o número do telefone de alguém aqui ou do Haiti, mas ela não quer falar nada”, salientou. No pouco que Marie falou com Manace nas diversas vezes que ele tentou ajudá-la, conseguiu ficar sabendo que ela teria sido assaltada no primeiro dia de estadia em Passo Fundo, quando teria ficado sem dinheiro. Entretanto, teria conseguido recuperar os documentos.
Ontem, quando tentava auxiliá-la mais uma vez, outros imigrantes que estavam pelas redondezas da rodoviária se uniram à Manace e também tentaram ajudá-la. Ofereceram então que ela fosse para Marau, onde estão morando diversos haitianos, mas ela não aceitou. Também cogitaram conversar com autoridades policiais ou representantes da prefeitura no intuito de fazer uma divulgação da foto dela para ver se encontravam algum parente ou conhecido no Brasil. Entre as muitas ofertas feitas pelo grupo, inclusive para que ela se alimentasse, o que ela tem rejeitado, acabaram por comprar uma passagem, com destino a Itajaí, para onde ela devia embarcar na noite de ontem.

Abordagem da prefeitura
Quando receberam a informação sobre a permanência de Marie na rodoviária na segunda-feira da semana passada (25), a equipe de abordagem da Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social foi até o local para encaminhá-la ao Albergue Municipal para descansar, tomar banho e se alimentar. Depois de muita conversa com a equipe, ela finalmente aceitou, mas foi relutante, segundo relata o coordenador interino da equipe, Marcos Pires. “Ela ficou algumas horas, relutante, mas um dia depois pegou a mala por conta própria e voltou para a rodoviária”, explica. Nas interações com a equipe da prefeitura, ela falou que teria vindo de Medianeira e que queria ajuda em dinheiro para comprar passagem para Santa Catarina.

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