Com a chegada do frio, os fogões a lenha e as lareiras voltam a ser utilizados e, em decorrência disso, também aumenta a procura por lenha. Neste ano, o produto está um pouco mais caro em relação ao inverno passado. Além de pesquisar preço, é preciso que os compradores estejam atentos para a origem da madeira utilizada para aquecer a residência.
O tenente Jonas Paulo Bernardi, do Batalhão Ambiental da Brigada Militar explica que é importante que o consumidor saiba que há diferença entre as exigências que existem para a comercialização de plantas exóticas ou nativas. “É fundamental que o comerciante também saiba que precisa de licenças para comercializar o produto. E as pessoas devem perguntar se a lenha tem procedência, até para não incentivar o comércio ilegal”, alerta.
Na região, Bernardi explica que a maior parte da lenha vendida é de eucalipto. Segundo ele esse tipo de madeira provém de uma planta exótica e por isso há menos riscos de o produto ter uma origem ilegal, desde que não tenha sido extraído de uma área de preservação permanente. Outro tipo vendido é a acácia, também exótica. “É muito raro encontrar no mercado uma lenha nativa para queimar. A lei é mais severa. Quem é leigo não tem como diferenciar, mas é importante perguntar para o vendedor se é nativa ou exótica”, complementa o tenente. Neste período do ano também são intensificadas as fiscalizações nas empresas lenheiras para se identificar a origem das madeiras utilizadas.
Hoje, no Brasil, cerca de 50% da lenha utilizada na geração de energia provêm de plantas nativas. O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Ilvandro Barreto de Mello, explica que a utilização de espécies exóticas como o eucalipto, por exemplo, ajuda a preservar as áreas nativas. “A cada hectare de eucalipto derrubado, por exemplo, deixamos de derrubar 10ha de florestas nativa. Eles crescem em torno de 40 metros cúbicos por ano enquanto que na floresta nativa o crescimento é de apenas quatro metros cúbicos por ano. Isso possibilita que, na medida em que se usa a madeira de espécies plantadas, haja a preservação da floresta nativa”, explica.
Mata Atlântica
Mello explica que a exploração de madeira na Mata Atlântica não é permitida e toda e qualquer extração de madeira nativa, se for o caso, precisa de licenciamento. “A produção de energia através da floresta plantada é limpa e sustentável”, enfatiza Mello.
Lenha em Passo Fundo
Em Passo Fundo 87,6% dos estabelecimentos rurais possuem plantios florestais. Destes, 96,1% usam como lenha para consumo próprio, 68,2% dos que possuem floresta plantada utilizam para palanques e reformas na propriedade, e somente 10,7% utilizam sua produção de madeira para comercialização. “O município de Passo Fundo não é autossuficiente em produção de lenha, necessitando de abastecimento com madeira originária de outros municípios, tanto residencial como lenha para produção energética industrial”, avalia Mello.