OPINIÃO

Edmundo

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Havia em Cruz Alta o Edmundo, tinha passadas largas, estudava na Escola Técnica, à noite. Homem de valor segundo meu pai: trabalhava e estudava. Lembro de seu sobretudo porque meu pai comprara um para mim, azul-marinho, transpassado, botões dourados com a insígnia dourada de âncora. Edmundo me parecia um nome mágico, lembrava uma enormidade, lembrava o mundo, principalmente o que eu não conhecia. Dizia-se que um homem valia pelo seu bigode ou pela sua palavra, não precisava assinar, o dito era cumprido à risca. Não se trata de saudade, trata-se de romantismo pelo que um dia foi importante e que, aparentemente, deixou de ser. Hoje, nem assinando dá para confiar. Em grandes cidades desconfia-se de tudo. Até prova em contrário a gente é golpista. Parece estranho porque disseram que éramos o melhor povo do mundo, um povo banguela, mas sorridente. Éramos um povo cordato, mas não inocente, mais para macunaíma do que Ghandi. Depois passamos a admitir que o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo, cerrrto? E o nosso herói da hora Neymar Jr, enleado na transação Santos-Barcelona, cai a cada toque. Ele nos representa, cerrrto?

Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares aonde não fui e de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei, lembranças de um tempo que, mesmo sem fazer parte de meu passado, marcou presença e deixou legado. Esse tempo, quando a palavra valia mais que um contrato, quando a decência era reconhecida pelo olhar, quando as pessoas não tinham vergonha da honestidade, quando a justiça cega não se vendia e nem se esmolava, onde rir não era apenas um direito do rei...Ah, esse tempo existiu, eu sei. Tempo de caráter, lealdade, escrúpulos. Tempo de verdade, amizade, respeito ao próximo, amor ao próximo. Tenho saudade do tempo em que a justiça era respeitada porque era acreditada. Acima de tudo. Autoridade máxima do dever. Zeladora dos direitos.sem vergonha de ser o que é, de apontar o que fosse, desde o que o justo, o correto, o verdadeiro (Rui Barbosa).

Em tempo I: Arno Augustin, ex-secretário do tesouro bateu no peito e disse ontem que se houve pedalada fiscal no governo Dilma a responsabilidade é somente dele. Tenta isentar Dona Dilma, afinal ela aparentemente nada sabia. Tal qual o ex-presidente demiurgo Luís Inácio, nada sabe, nada soube e, talvez, nada venha a saber. Homem de fé, Arno assumiu a manobra.

Em tempo II: li que Dilma Roussef é presidente do nosso país. Acreditam vocês que eu não sabia?

 

 

 

 

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