Cassiano nasceu sem um rim. Descobriu o problema apenas aos 27 anos e agora, a espera de mais de um ano pelo transplante vai terminar. A cirurgia, marcada para a manhã de hoje, dará um recomeço ao jovem que aguardava pelo transplante de rim há 14 meses. No dia 17 de abril do ano passado, Cassiano Pressi recebeu o diagnóstico de que havia nascido somente com o rim direito e que, por não saber do problema, não tomou os cuidados necessários, comprometendo o funcionamento do rim esquerdo. Morador de Gentil, o jovem perdeu a função renal e passou a depender de uma máquina para sobreviver. Durante quatro horas, três vezes por semana, passava pela hemodiálise no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo.
Formado médico veterinário, Cassiano precisou largar o emprego e mudar toda a rotina para buscar tratamento. “No começo o mundo cai, desaba. Eu estava formado há três anos, trabalhando, construindo minha casa e formando uma família e aí, com a doença, precisei parar tudo”, conta. O veterinário comenta ainda que era acostumado a praticar atividades físicas e os únicos sintomas que o fizeram procurar ajuda médica foram câimbras nas pernas e a pressão alta. “No começo tudo é novo, não entendia nada e precisava aceitar. Não temos duas opções, ou é o tratamento, que exige renúncias, ou é a morte”, desabafa.
Foi em junho do ano passado que o médico Péricles Serafim Sarturi, que acompanha o caso, informou a Cassiano a possibilidade do transplante e que, existiam duas opções: o transplante cadavérico ou o transplante intervivos. Imediatamente muitos familiares se ofereceram para realizar os testes de compatibilidade e doar um rim para o jovem, porém, o pai de Cassiano não abriu mão. Mesmo estando com 66 anos e a idade indicada para o procedimento ser de 18 até 50, Luís Pressi tomou a decisão de que, se todos os exames dessem certo e a compatibilidade entre ele e o filho existisse, ele seria o doador. “Ele está me dando a vida pela segunda vez”, diz Cassiano, emocionado.
A partir da decisão foram seis meses realizando exames e cuidando da parte burocrática para o transplante. “No começo tive muito medo. Como eu iria tirar um rim do meu pai pensando que ele poderia desenvolver alguma doença depois, mas aos poucos fui entendendo que não haviam problemas e me tranquilizando. Pra mim o transplante significa nascer de novo”, conta.
Gravidez
Além da prova de amor do pai, outra notícia deu ainda mais esperança para Cassiano: a esposa está grávida de 20 semanas. “A expectativa é fazer o transplante para poder ter ainda mais forças para cuidar da minha família. Com a notícia da gravidez até comentei com o médico que gostaria de agilizar o processo para que, quando meu filho nascer, eu já esteja totalmente recuperado”, brinca o jovem.