A história ensina e a gente aprende: depois de toda grande guerra os líderes do mundo inteiro se reúnem e tomam decisões que serão molde pra sociedade nos anos posteriores. Para controlar a confusão e gritaria, depois da Primeira Guerra Mundial foi criada a Liga das Nações (que não deu certo); depois da Segunda Guerra Mundial, foi criada a Organização das Nações Unidas, que segue firme e forte entre erros e acertos.
A Segunda Guerra foi tão expressiva e violenta na Europa que a ONU não foi seu único acerto pós-conflito: em 1946, jovens de seis países diferentes se reuníam na Bélgica pela primeira vez e criavam a maior organização não governamental de estudantes do mundo: AIESEC. O objetivo desses jovens era criar uma rede de cooperação que promovesse intercâmbio. Entendo a ideia dos jovens de 1946 – intercâmbio é a possibilidade da comunicação. Aprendi na faculdade de Relações Internacionais que a paz é sinônimo de comunicação - são numerosos e cansativos os conflitos travados no mundo por conta de mal entendidos e ausência de uma boa conversa.
É exatamente por isso que devemos dar a cara a tapa pra entendermos o desconhecido: o Brasil não termina no Rio de Janeiro e o mundo não termina em Nova Iorque ou em Paris – é nosso dever compreendermos que há diversas outras realidades e que muitas vezes elas podem ser cruéis. Aí que entra a AIESEC, atuando hoje em 125 países. Engana-se quem pensa que a ONG promove uma viagem de férias pra Europa – você só viaja por lá se for pra construir algo em outro país. A maioria dos estudantes vão para seus destinos escolhidos pra trabalharem em alguma instituição de caridade como voluntários.
Nós não precisamos ir muito longe pra vermos pessoas em condições precárias: foi nos últimos anos que o Brasil cumpriu o grande desafio de erradicar a fome diante dos olhos das Nações Unidas. A fome persistiu durante séculos no nosso país e a saída do Brasil foi considerada histórica pelos figurões de peso no cenário internacional. Isso não se trata de merchandising político – se trata apenas de uma visão de realidade: a mudança começa dentro de casa. Assim como dezenas de pessoas de Passo Fundo já viajaram pela Aiesec, outras dezenas de Aiesecs do mundo já mandaram intercambistas para a nossa cidade.
Toda vez que penso na Aiesec, penso que é emocionante saber que existem tantos jovens engajados em fazer o mundo mudar; seja dando aulas de inglês pra crianças em Passo Fundo, seja cuidando de animais na Índia. São todos jovens universitários que acreditam verdadeiramente que sua experiência de seis seamanas vai impactar uma parte diferente do mundo, e eu acredito que são esses mesmos jovens engajados que vão liderar as mudanças expressivas no futuro. Como futura internacionalista, eu não sei qual vai ser a grande mudança do mundo: mas sei que o caminho mais certeiro pro mundo mudar é cada um fazer a sua parte. Vamos mudar?
“Utopia:
ei que estamos longe
Mas estivemos muito mais
Prefiro não voltar atrás.”
PS: o texto acima é de Georgia Anunciação, minha filha, adolescente como o que já fui, um dia. Eu queria salvar o mundo, conheci Hélio Ribeiro e passei a querer salvar as pessoas. O texto fala de pessoas, o texto fala de encantos. Tenho a benção de, pela minha filha, continuar acreditando que a gente é capaz, a benção de continuar adolescente.