OPINIÃO

Atuação fonoaudiológica no ronco e apnéia do sono

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Cerca de um terço de nossas vidas passamos dormindo, momento onde várias patologias podem se manifestar. Os distúrbios do sono afetam pessoas de diferentes idades. O ronco passou a ser considerado problema de saúde, uma vez que os pacientes roncadores procuram tratamento, pois o ruído interfere no sono do (a) companheiro (a), provoca sonolência diurna, cansaço diminuindo a qualidade de vida e interferindo no funcionamento de outros sistemas do organismo.

A Sociedade Brasileira do Sono define o ronco como a vibração dos tecidos da faringe, localizados entre a língua e o palato, surgindo enquanto dormimos devido a dificuldade que o ar encontra ao passar pela via aérea superior, espaço que vai do nariz até as pregas vocais com obstrução parcial.

O estágio mais avançado do ronco é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), que pode causar problemas cardíacos, pulmonares e comportamentais. O paciente com SAOS tem ronco intenso entrecortado por pausas de 20 a 40 segundos. A única forma do paciente voltar a respirar é despertando ( o que ocorre várias vezes por noite), alterando assim a qualidade do sono, resultando em cansaço, sonolência, cefaleia, mau-humor e irritação no outro dia.

O tratamento do ronco está centrado em três pontos: comportamental (redução de peso, redução do uso de bebidas alcoólicas, etc), clínico (uso de aparelhos que reposicionam a língua e a mandíbula) e, cirúrgico. Uma nova opção de tratamento que vem obtendo resultados satisfatórios é a terapia fonoaudiológica. Segundo pesquisas em pessoas com SAOS, nota-se melhora de 40 a 50% no número de paradas respiratórias, assim como considerável diminuição do ronco e da sonolência diurna. O tratamento visa adequar aspectos anatômicos, morfológicos e funcionais dos órgãos articulatórios que se apresentam com tensão diminuída (flácidos).

A terapia fonoaudiológica miofuncional tem por objetivos adequar a postura, a sensibilidade e propriocepção, tônus e mobilidade da musculatura orofacial faríngea. As estruturas priorizadas nesse trabalho são aquelas que podem estar relacionadas com a obstrução das vias aéreas superiores durante o sono. São utilizados alongamentos em região cervical, além do relaxamento muscular. Utiliza-se exercícios isométricos e isocinéticos para fortalecimento e coordenação dos músculos da língua, bucinador, masseter e temporal (os três últimos são músculos faciais). Trabalham-se os músculos intrínsecos e extrínsecos da língua e o fortalecimento da musculatura do véu palatino. Orienta-se a mastigação bilateral alternada para reorganização do padrão facial, buscando uma harmonia muscular, pois os músculos orofaciais têm inter-relação e interdependência funcional.

As estruturas envolvidas nos distúrbios respiratórios obstrutivos do sono são unidades neuromusculares, ou seja, objeto de estudo e intervenção de uma das áreas da Fonoaudiologia: a Motricidade Orofacial. A literatura científica já demonstra alguns estudos confirmando a importância da terapia no tratamento destes pacientes, com vários relatos de melhora e diminuição dos episódios de apneia após intervenção fonoaudiológica.

Gostou? Compartilhe