O cenário é de baixas em praticamente todos os setores. O comércio em Passo Fundo teve o pior desempenho dos últimos 12 meses, apresentando um recuo nas vendas de 5,27%, de acordo com dados do Fecomércio. O saldo total de empregos no município ficou negativo, em -146, segundo o Caged do mês de maio. A situação do país em 2015 não é das melhores e isso se reflete nos estados e municípios. Mas não para todos os setores. A construção civil, que no Brasil e no Estado vem apresentando dados negativos, segue estável em Passo Fundo. Dos 3.245 empregos formais distribuídos pelos 736 estabelecimentos (micro, pequenos, médios e grandes) cadastrados no setor, no primeiro mês do ano, há um saldo de 19 postos de trabalho entre os meses de janeiro e abril, o que significa que houve mais admissões que demissões no período, uma proporção de 0,58% a mais do estoque de postos de trabalho do início do ano. Em nível federal e estadual o cenário é diferente. No mesmo período, o saldo foi negativo em -76.805 (-2,5% dos empregos formais em janeiro de 2015) em nível de Brasil e –697 em nível de Rio Grande do Sul (-0,47% dos empregos formais em janeiro de 2015). Bem diferente do que acontecia no ano passado. Entre os meses de janeiro e abril de 2014 esse saldo positivo foi de 158 para o município, 7.559 para o estado do Rio Grande do Sul e 65.199 para o país, ou seja, o cenário produtivo era outro, com um alto dinamismo do setor. De acordo com a economista e professora da Universidade de Passo Fundo, Cleide Fátima Moretto, essas baixas que aconteceram no setor teriam começado muito antes, não fossem as intervenções do governo. “A crise na construção civil teria iniciado antes mesmo de 2009 no país, se o governo federal não tivesse implementado uma série de medidas de incentivo ao setor - as medidas anticíclicas -, caso dos diferentes programas habitacionais, sobretudo para a população de renda mais baixa, linhas de crédito com taxas de juros atrativos e uma série de investimentos públicos, entre eles aqueles ligados à Copa”, explica.
Cortes nos financiamentos
A redução no número de financiamentos habitacionais não chegou a causar impacto nas vendas, mas foi sentida pelo setor. De acordo com o vice-presidente incorporador do Sinduscon, Luiz Antônio Giacomini, o ponto fraco são cortes nos financiamentos. “Em uma época de incertezas as pessoas esperam para realizar a compra, ficam mais inseguras. As vendas vinham num ritmo muito acelerado no ano passado, eram vendidos três, quatro apartamentos por mês. De janeiro para cá as vendas desabaram. Foi vendido um apartamento por mês. Mas surpreendentemente no mês passado foram vendidos seis apartamentos, então a média se estabilizou”, explica. Segundo o gerente de negócios da MML Arquitetura e Engenharia, Manolo Frediani Lima, a empresa observou uma modificação no mercado em 2015. “Sentimos uma mudança nesse ano. O mercado está mais cauteloso, a venda está mais demorada, mas acreditamos que produto e ponto sempre vendem. Dinheiro no mercado existe. Estamos com uma agricultura forte, temos um setor de serviços e de saúde forte. Aquela pessoa que planejava se mudar está mais cautelosa, porque o crédito está mais limitado.” Para o engenheiro civil e dono da Gobbi Engenharia, José Carlos Gobbi, “os clientes terão que se preparar melhor na hora de financiar e pesquisar os melhores juros no mercado, pois se tornou mais difícil comprar”, diz.
Investimento garantido
Apesar de esses cortes terem afetado o setor, os investimentos estão assegurados pela força da agricultura e de setores como o da saúde e da educação em Passo Fundo. Para Giacomini, “a nossa economia está garantida pela produtividade da soja. A nossa região não vai ficar como o Brasil está porque nós temos um colchão. Soja é o que mantém a economia viva. Nós temos a produção agrícola, somos um centro de serviços, de ensino, de saúde. Não temos uma economia focada só em um setor, então se um cai os outros sustentam. A região é pujante, mantém a massa salarial”.
Quando a oportunidade surge da crise
Construção Civil tem saldo positivo de empregos e estabilidade de vendas em um ano de incertezas no país
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