A erva-mate é um alimento consumido há séculos pelos humanos. Especialmente na região sul do Brasil e países vizinhos, o chimarrão é tradição que passa pelas gerações. Além disso, o mercado internacional também está consumindo cada vez mais e de diferentes formas. O novo consumidor exige um produto mais estável nas suas características físicas, químicas e biológicas, limpo e produzido de forma sustentável. Para atender essa demanda, a Emater RS e a Secretaria Estadual de Saúde estão discutindo novas estratégias para garantir que a erva-mate produzida por centenas de ervateiras no Estado tenha cada vez mais qualidade.
O tema está sendo discutido pela Emater, RS e a Vigilância Sanitária estadual, através dos Núcleos Regionais de Vigilância em Saúde (NUREVS). Conforme o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Ilvandro Barreto Melo está sendo analisada a possibilidade da assinatura de um termo de cooperação técnica entre as entidades para o desenvolvimento de ações em prol da melhoria qualitativa permanente da erva-mate. Entre as ações planejadas está a criação oficial de um curso de “Boas Práticas de Produção e Fabricação de Erva-Mate”, específico para indústrias e produtores que será uma prerrogativa para a renovação anual ou ao consentimento de alvará sanitário, efetuar o nivelamento técnico e de informações entre os profissionais da Emater, RS e dos técnicos dos NUREVS. Além disso, é pensada a realização de reunião específica com os proprietários das indústrias nos cinco polos ervateiros do Estado, para sensibilização e apresentação da proposta de trabalho focando a melhor qualidade do produto.
Durante o segundo semestre de 2015 serão feitos os ajustes e definida a estratégia de trabalho. A realização das primeiras ações está prevista para o início de 2016 com as indústrias que aderirem inicialmente. “No Estado existem ao redor de 230 indústrias ervateiras. O trabalho será contínuo de maneira a contemplar todo o universo industrial ervateiro, observando-se um tempo mínimo que poderá variar de dois a três anos para atingir a totalidade”, explica Melo.
Controle de qualidade
A nutricionista e fiscal sanitário do NUREVS da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde Maria Aparecida Frozza explica que há um compromisso com a Anvisa de intensificar as ações de rotina de inspeções sanitárias a fim de analisar o cumprimento da legislação sanitária e a adoção das boas práticas. “A erva-mate está contemplada no Programa Estadual de Controle da Qualidade Sanitária de Alimentos, onde foram coletadas e analisadas várias amostras na região. Como desdobramento desta ação de monitoramento mais apurada, a partir do ano passado o Estado está enviando amostras de erva-mate para o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) analisar metais pesados”, salienta. Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde está criando o grupo técnico para discutir, em parceria com a Emater, as ações a serem adotadas para tirar da informalidade parte das indústrias ervateiras.
Conforme a fiscal, hoje entre as principais dificuldades encontradas está o grande número de indústrias ervateiras existentes no Estado, com uma cultura de não se portar como manipulador de alimentos. “O número, ainda, insuficiente de fiscais e as dificuldades técnicas e econômicas para implementar um controle laboratorial em um número maior de estabelecimentos”, complementa.
Novos consumidores
O agrônomo da Emater explica que o novo consumidor está exigindo um produto mais estável nas suas características físicas, químicas e biológicas. Além disso, exige que seja limpo, produzido de maneira a atender as regras básicas da higiene, da legalidade fiscal, sanitária e de sustentabilidade ambiental, cultural, social e econômica em toda a cadeia produtiva, atrelado a uma confiança na marca e dentro de preço aceitável. “A erva-mate está expandindo o seu território de consumo, com vários países buscando a sua importação. Essa nova realidade precede de uma estratégia mercadológica assertiva o que exige qualidade, garantia de produto, rastreabilidade e certificação. Para isso, uma mudança significativa é necessária, imprescindível e recomendável”, argumenta Melo.