Um raio, relâmpago ou corisco, pela definição do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), é talvez a mais violenta manifestação da natureza: “numa fração de segundo, um raio pode produzir uma carga de energia cujos parâmetros chegam a atingir valores tão altos quanto 125 milhões de volts / 200 mil ampères / 25 mil graus centígrados. Embora nem sempre sejam alcançados tais valores, mesmo um raio menos potente ainda tem energia suficiente para matar, ferir, incendiar, quebrar estruturas, derrubar árvores e abrir buracos ou valas no chão”.
Essa eletrificação da nuvem ainda não tem uma teoria definitiva que a explique, mas a versão mais aceita é que surge da colisão entre partículas de gelo, água e granizo no interior da nuvem. O que é certo é que o raio só se manifesta em nuvens de tempestade, as chamadas “cúmulus nimbus”, que se formam quando há calor e alta umidade do ar, condições que aconteceram nesta segunda-feira (13), quando a temperatura máxima chegou aos 26ºC, mesmo sendo inverno. A condição proporcionou um espetáculo no céu de Passo Fundo.
“As tempestades ocorrem quando existem nuvens muito carregadas, além das fortes descargas elétricas, e costumam ter muitos trovões, que são explosões dentro da nuvem, mas a de segunda-feira teve mais descarga do que trovões”, explica o observador meteorológico Ivegndonei Sampaio, da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet.
De acordo com ele, a ocorrência do raio se dá porque “quanto mais alto sobem as nuvens, mais fria é a temperatura. Em um certo momento, a água congelada e as partículas de gelo batem umas nas outras dando origem ao raio. A tempestade com raio é provocada pelo ar quente e úmido que se eleva até as nuvens, então se esfria e como é mais leve, se eleva mais e vai se resfriando, ao alcançar altitude suficiente ao seu ponto de condensação produz gotículas de água que se chocam com as partículas de gelo”, destaca o observador.
Frequência de raios
Segundo Sampaio, os raios podem subir ou descer. “Cerca de 50 milhões de raios ocorrem no mundo por ano, causando pelo menos 500 mortes. O Brasil é o recordista em ocorrência de raios, devido ao clima tropical, onde há calor intenso e alta umidade, que favorece a formação de cúmulus nimbus e, por sua vez, dos raios”, salienta. Em dias de tempestade, deve-se evitar campos de futebol e outras áreas abertas, como pasto, lavouras, e ficar longe de latarias. Na praia, sair imediatamente da água assim que perceber um temporal, e não ficar embaixo de guarda sol ou árvores, ou metais pontiagudos são as principais precauções.
Conforme o observador, o prejuízo com raios é maior que com enchentes e deslizamentos.