OPINIÃO

Como dizia o poeta

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Em 1970, pouco antes do final da Copa do Mundo no México, Toquinho (24) e Vinícius de Moraes (57) estrearam um musical em Buenos Aires. Vinícius era amigo de Sergio Buarque de Hollanda, pai de Chico e este, Sergio, pedira a Vinicius que avaliasse seu filho Chico que alinhavava as primeiras composições, isto lá por 1965-66. Chico era tímido e compareceu a uma festa de Vinícius acompanhado de um garoto habilidoso conhecido como Toquinho. Vinícius não prestou muita atenção em Chico, mas ficou com a imagem do violonista na cabeça. Mais tarde, então, Vinícius-Toquinho entraram para o jet set. Vinícius casou nove vezes e muitas de suas mulheres tinham religiões diferentes. O cara pegava um guardanapo e entre um gole e outro compunha monstros poemas e Toquinho musicava-os, rapidamente.

Certa feita entre o aeroporto de BH e o hotel Vinicius mandou parar o taxi para anotar e uma frase escrita em um muro. Estava lá: se o amor é fantasia ultimamente estou vivendo um imenso carnaval. Ao sair do banho Toquinho recebeu de Vinicius a letra de Escravo da Alegria (eu que andava nessa escuridão...) e Toquinho musicou, rapidamente. São estranhos esses músicos, esses artistas. Uma vez Valdik Soriano estava também no aeroporto de BH e se atrasaram para buscá-lo. Ele exasperou com a demora e disse a um de seus músicos: eu não sou cachorro, não. Alguém letrou e o sucesso aconteceu.

Odair José, quando nada era no cenário musical, tocava num puteiro a uma quantia irrisória por noite. Mas, havia um ricaço apaixonado por uma “modelo” da casa. Ele pediu que cada vez que chegasse ao recinto que Odair cantasse determinada música do Rei e isso seria a senha para que a namorada se livrasse de seu acompanhante e ficasse à disposição. O rico, mais tarde, abandonou a esposa e se acomodou com a “modelo”. Odair, atento, compôs “eu vou tirar você desse lugar”. O artista é assim, pega no ar e faz uma obra. Por isso é artista, ele inventa, ele cria.

No entanto, há muitos outros artistas no Brasil. Collor, por exemplo, tem um Porsche que está registrado em nome de um cara que tem um posto de combustível sem que ele saiba ser possuidor do veículo. Será que esse posto de combustível tem serviço de lava-ajato? Há outros artistas em todos os segmentos da sociedade que, por magia, assim, do ar, por arte pura, enriquecem da noite para o dia. Deve ser magia, criação, algo que quem não é artista, não entende. Como dizia o poeta: “mas, não tem nada não, tenho o meu violão”, nem que seja para tocar num puteiro.

 

 

 

 

 

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