OPINIÃO

Celestino Meneghini

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· 2 min de leitura
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Operação Zumbi
Todas as ações que integram o espectro de atos, amparadas pelo princípio da fé pública, ou revestidas por ordenamentos administrativos, no fundo representam o desejo popular de crer piamente em seus agentes. Que os agentes públicos sejam honestos. Quando se rompe esta crença, por qualquer forma de desídia, apadrinhamento, corrupção, roubo ou falsidade, a situação fica deplorável. Além da situação delituosa na espécie, abre-se uma ferida no sentimento popular. Por isso há entendimento de que o crime praticado por autoridade protegida pelo princípio da fé pública deve receber reprimenda muito mais severa. É o caso dos policiais militares apontados na Operação Zumbi. Eles se beneficiavam dos meios oficiais de atividades para acessar dados de pessoas que morreram em acidentes. Com privilégio no uso do sistema apoderavam-se de tais dados. Abriam empresas em nome dos falecidos e aplicavam golpes na compra de mercadorias. Todos sabem da torpeza destes atos. Nunca haverá desculpas para tamanha traição e covardia. Mais de 50 pessoas mortas tiveram seus nomes vilipendiados por policiais falsificadores. O MP acompanha a investigação do caso pela Corregedoria. Deveriam fiscalizar a lei, mas se tornam criminosos.

Forças Armadas
Para não dizer que não falei das flores, devemos reconhecer o importante papel das Forças Armadas na logística de combate ao desmatamento da floresta amazônica. Os serviços de informação via satélite, recentemente adquiridos, darão mais precisão de imagem em tempo real para flagrar desmatamento criminoso. A propósito, o Brasil pretende melhorar sua performance conservacionista perante os foros internacionais. Por isso é fundamental a atuação direta do Exército para combater o crime contra reservas protegidas. É questão de interesse para a vida do Planeta.

Igualdade racial
Completamos quatro anos de vigência do Estatuto da Igualdade Racial. É lei brasileira que promove oportunidades e direitos historicamente sonegados especialmente a descendentes da raça negra. Exemplo é a lei das Cotas que promove a representatividade do negro, com acesso ao curso superior. Já se colhe os primeiros resultados no marcado de trabalho e funções técnicas do serviço público com maior participação do negro. Paralelamente se constrói a idéia pedagógica de que todos têm um direito mínimo de acesso ao conhecimento.

Colarinhos
Paulo Roberto Costa, Alberto Yussef, Jaime de Oliveira, Danton Avancini, Eduardo Leite e José Ricardo Auler, são todas pessoas que jamais precisariam de dinheiro sujo para viver na opulência. Foram os primeiros condenados da operação Lava Jato. Certamente todos eles, mesmo na cadeia, deixarão reservas respeitáveis não reveladas em delação premiada, em nome de parentes ou amantes, - laranjas. O importante é que nada será como antes, onde somente ladrão pobre era sujeito a julgamento. Se melhorar um pouco, a próxima temporada de corrupção poderá terminar em condenação e devolução do dinheiro roubado, antes que seja escondido.

Retoques:
* A indecência sem limites é a própria cova desta avidez alucinante pelo lucro. A mega empresa Odebrecht, pelo envolvimento com propina nos negócios da Petrobras, é investigada nos contratos com outros países. No Peru, por exemplo, a Odebrecht executa a instalação de estátua de Cristo, semelhante ao monumento do Cristo Redentor. Em Lima já se questiona se a empresa brasileira é digna do Cristo a ser construído, e da fortuna que cobra pela obra!

* O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, acusado de receber propina, é tido como personagem vingativa. Renan Calheiros, no mesmo barco, lidera movimento para esfriar o prestígio do procurador geral da República Rodrigo Janot. Collor e companhia destilam acusações de perseguição contra Janot. Esse pessoal todo surpreende, principalmente para quem imaginou que eles se afastariam dos cargos até esclarecer o caso. Ao contrário, estão juntos e mais impetuosos.

* O professor de história José Ernani de Almeida exibe ótima forma de capitalização e comunicação do conhecimento. Impressionante a vitalidade vista em seus artigos, onde agrega a acumulação da pesquisa à maturidade de estilo próprio com devoção à arte literária!

 

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