O registro de uma morte causada por meningite bacteriana desencadeou uma série de indagações sobre a doença nos últimos dias. Porém, não há motivo para maiores preocupações. Os casos registrados nesse ano, em Passo Fundo, não são incomuns e estão dentro da normalidade dos hospitais. De acordo com o médico infectologista e coordenador do Controle de Infecção Hospitalar e Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Gilberto Barbosa, todas as semanas são registrados em torno de dois ou três casos da doença. “Isso é o habitual. Esses dois que ocorreram nessa semana entram na ocorrência normal de casos que nós temos”. Os registros em questão são de pacientes com uma possível meningite viral. Em um deles, há dúvidas sobre a possibilidade de infecção bacteriana, o que ainda não foi confirmado. O perfil deles é o mesmo da maioria que são internados durante o ano no hospital. O enfermeiro responsável pela vigilância epidemiológica da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, Gilberto Santetti, confirma que casos da doença são registrados com frequência. “Nós estamos, aqui, dentro da 6ª Coordenadoria, em uma situação dentro da normalidade. O único fato que ocorreu diferente da nossa rotina foi o óbito da menina de oito anos causada pela meningite pneumococo. No mais está tudo dentro habitual”, tranquiliza.
Não há possibilidade de surto
Foi descartada a possibilidade de epidemia na região. Além do número de casos estar dentro da normalidade, Barbosa ressalta que, nesse ano, não houve nenhum registro de meningite meningocócica, uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal. “A situação que traz preocupação para a comunidade médica é quando se tem caso da doença com capacidade de gerar surtos. Isso basicamente se restringe as meningites meningocócicas”, explica. Segundo ele, no ano passado, tiveram vários registros de meningite bacteriana. Desses, somente três a quatro foram de origem meningocócica. O restante foi de outras causas. De acordo com Santetti, os casos suspeitos que acontecem são monitorados e, após detecção do agente causador, uma série de providências é tomada.
A doença
A meningite caracteriza-se por uma infecção que se instala principalmente quando uma bactéria ou vírus consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central. As meningites virais possuem sintomas mais leves, que se assemelham aos das gripes e resfriados. Febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez na nuca e irritabilidade são alguns deles. As meningites bacterianas, mais graves, têm sintomas como febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.
Vacinas
A vacina contra meningite está prevista na carteirinha de vacinação e disponível na rede pública de saúde para a faixa etária de até dois anos. “Temos a vacina que protege contra o tipo B que era um grande causador de meningite no passado. Após a implantação dessa vacina não tivemos, aqui na nossa região, nenhum caso desse tipo. Temos também a vacina contra 10 tipos de pneumococo, que também podem causar meningite. E temos também a que protege contra o tipo C”, explica Santetti. De acordo com o enfermeiro, a decisão de procurar uma clínica particular para receber a vacina é uma questão pessoal. “Nós temos as nossas vacinas de excelente qualidade na rede pública que protegem contra esses três tipos de meningite, que eram as mais frequentes. A nossa região está sob controle, não há nada ocorrendo fora da normalidade”. Conforme Barbosa, a vacina só é indicada fora da faixa etária da carteira de vacinação quando se tem uma epidemia ou para pacientes com problemas de imunidade.
Em nota, o Hospital São Vicente de Paulo, esclarece e tranquiliza a população referente aos casos de meningite ocorridos no último período.
1- A ocorrência de meningites faz parte do cotidiano dos hospitais de grande porte, como é o caso do HSVP, que é referência regional e estadual em saúde;
2- O número de casos de meningite nos últimos dias não foge à estatística em relação à outros períodos, ou seja, não há ocorrência anormal ou aumentada de diagnósticos nesta entidade;
3- No ano de 2014, por exemplo, o HSVP registrou entre casos suspeitos, notificados e investigados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVE/HSVP), 194 casos de meningites. Sendo assim, este fenômeno é comum e corriqueiro no atendimento da instituição;
4- O excesso de preocupação e de procura pelo setor de emergência deve-se ao fato de existir poucos locais para atendimento pediátrico pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Passo Fundo e região;
5- Finalmente, orientamos que, a procura deve ser sempre em unidades de menor complexidade, reservando-se para o atendimento nas emergências os casos que previamente avaliados por profissional médico, julgarem necessários.
A compreensão de todos será de grande valia para que possamos manter a organização e funcionamento do setor de Emergência Pediátrica dentro da normalidade.
Não há motivo para preocupação
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