A busca por respostas às questões que envolvem as obras de tratamento de esgoto em Passo Fundo continua. Depois da matéria publicada nas páginas de O Nacional, no último final de semana mostrando que, apesar de a rede coletora de esgoto estar pronta, ainda é impossível ligá-la em função de falhas do projeto, o assunto voltou à pauta do Grupo Sentinela dos Pampas que, agora, se organiza junto ao Ministério Público e questiona, não só a obra feita pela Corsan, mas, também, a fiscalização da Prefeitura de Passo Fundo.
A previsão do GESP é protocolar ainda hoje, no Ministério Público, um material que reúne informações sobre as obras da Corsan. “Protocolando o material, buscamos instrumentalizar o MP que já possui procedimento administrativo referente à questão do saneamento básico em Passo Fundo”, explica Paulo Fernando Cornélio, representante do GESP. Além disso, Cornélio acrescenta que já protocolou, dentro do Comitê Rio Passo Fundo, um projeto para que a Corsan faça uma apresentação de todos os espaços geográficos onde já existe a rede coletora de esgoto. “Vamos resgatar esse projeto também”, comenta. Para o Grupo, a questão vai além da Corsan e das empreiteiras: “Todas as residências que já possuem a rede já deveriam estar com a ligação. Esse processo fiscalizatório é responsabilidade da Prefeitura. E, pelas informações que temos, o município não está fazendo isso”, enfatiza. A última ação passa pelo pedido de manifestação da Corsan. “Queremos saber onde está a falha. Sabemos que a fiscalização é da Prefeitura e queremos saber o por que de as redes não estarem ligadas se elas já existem. Todo esse material está sendo colocado no Rio Passo Fundo sem tratamento algum”, adianta Cornélio.
Material abandonado x focos de dengue
De um projeto questionado às críticas à fiscalização da obra, há, ainda, uma grande quantidade de material, comprado para a primeira etapa, que está armazenado no pátio da Cesa. Lá, o cenário é de descaso: além do mato que cresce em meio ao material que se perde, há valetas e espaços inativados onde a água se acumula e fica parada. Por lá, até os canos viram reservatório de água e transformam o local em um potencial foco de mosquitos da dengue.
Relembre
Em 2010, um contrato entre Prefeitura de Passo Fundo e Corsan previu que, em 18 anos, o município passaria dos então 20% de esgoto tratado para a universalização do serviço. O projeto dividiu a obra em quatro etapas e a primeira delas estimava que, em três anos, cerca de 55% do esgoto da cidade já contaria com o serviço de tratamento. Isso não aconteceu: hoje, Passo Fundo trata 25% do esgoto produzido em duas Estações de Tratamento de Efluentes - Araucária e Miranda - gerenciadas pela Corsan, aguarda que outros 10% possam passar pelo serviço a partir da ligação das redes das residências já autorizadas e busca a continuidade das obras, paradas há dois anos. Entre os principais problemas, está um projeto que não previu necessidades especiais dentro da cidade e, por isso, é questionado e criticado pelas empreiteiras responsáveis pela obra. Por fim, a falta de interesse nas licitações abertas pela Corsan para a continuidade na obra é outro impedimento para a conclusão do serviço.