Desgraça chama desgraça
Agora tem acontecido mais freqüentemente. É a sucessão de acontecimentos que mostram os danos descontrolados de grandes males feitos à nação pela corrupção de importantes agentes públicos em conluio com quadrilheiros da iniciativa privada. A desgraça dos males vai desde o retardo das obras para matar a sede e fome no tórrido solo nordestino, até a falta de leitos nos hospitais públicos ou a merenda escolar. O PAC perde o embalo que frutificava emprego e dinheiro circulante, por que o rombo apontado pela operação Lava Jato parece cada vez maior. Agora chegou a vez de mais um regulador econômico externo pressionar nossa economia. Sabemos que o rebaixamento ditado pela Standard & Poor’s, que aflige as cotações de investimentos no Brasil tem também a conotação especulativa. Mas o Brasil já se deleitou neste mesmo jogo. O rebaixamento do valor de investimento vem a cavalo no dorso da corrupção e queda do PIB nacional. E tudo acontece quando eclode o escândalo num dos investimentos mais secretos. A Eletronuclar, especialmente a usina Angra – 3. Com políticos ou sem políticos, o roubo mais recente ou antigo faz acumular denúncias. E o país parece que se afoga, ou como diz o lúgubre adágio latino: “Abyssus Abyssum invocat” ( o abismo atrai o abismo). Ainda bem que o setor agropecuário prospera em produção, garantia alimentar e emprego.
O negro doutor
De um lado deprimente: o gesto covarde de ofensa racial contra um professor negro na Universidade de São Paulo. As ofensas ao mestre e doutor, professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, pichações racistas nas paredes dos banheiros foram revoltantes. Partiram de pessoas que se acham melhores, mas são as piores, numa elite oca de valores. De outra parte, a atitude sentida e serena do professor ofendido que viu o gesto fraterno da faxineira negra limpando as paredes juntamente com sua filha aflita e entre lágrimas. Preocupado com o nível moral dos agressores anônimos, mas sereno de consciência e capacidade como professor doutorado em comunicação, Juarez disse que registrou um BO e acredita que isso não se repita. O professor é referência em saber e dignidade e lidera movimentos pela luta igualitária.
Rastreamento
A velha piada do menino educado pelo pai avarento que engoliu uma moeda de 50 centavos, sempre me intrigou. Ao ser sacudido de cabeça para baixo acabou vomitando apenas 25 centavos. Pois é! Assim está acontecendo com os quadrilheiros que roubam cofres públicos, travestidos de delatores ou reconhecendo alguma quantia do desvio. Escondem boas quantias roubadas, no entanto. O trabalho do MP e Polícia Federal, rastreando a circulação da propina (fortunas da corrupção) está encontrando mais dinheiro em espécie, depósitos ou aplicações do que se possa imaginar. Os bloqueios destes valores estão se aperfeiçoando, felizmente.
Zelotes
Um dos exemplos de recuperação de recursos ocorre no escândalo ocorrido no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), Operação Zelotes, com anulação de milionárias isenções aprovadas na Receita Federal. As benesses serão anuladas, mas não escapam do processo criminal que envolve gente altamente conceituada no país.
O saneamento
Sem intenção de invadir a pauta da chefia de redação, quero dizer à Zulmara que a abordagem sobre obras de saneamento é fundamental. Sempre que toco neste assunto entendo que Passo Fundo tem a chance de se redimir de um grande erro cometido na maioria das cidades sem priorizar o saneamento. Certamente o prefeito Luciano Azevedo está atento à continuidade das obras da CORSAN. Sem esgoto adequado será o fim dos rios e da cidade.
Retoques:
* A possível CPI do BNDES trará dados sobre somas gigantescas do dinheiro público que financiaram grupos econômicos. São recursos que bem aplicados ativam a produção e emprego.
* A investigação dirá que o grito da falsa cultura liberal contra participação do estado na economia é só da boca pra fora! Todos os grandes investimentos tiveram ajuda direta, às vezes exagerada, dos cofres públicos.