OPINIÃO

Força estranha

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O Rei visitou Gil e Caetano quando os baianos estavam exilados em Londres. Era tempo de duas possibilidades: desobediência civil ou obediência militar. O Rei pegou o violão e cantou uma nova música, ainda não gravada: as curvas da estrada de Santos. Todos choraram. O Rei preparou para Cae a música - debaixo dos caracóis de seus cabelos, Cae devolveu o presente com - força estranha (eu vi um menino correndo...). Alguém me perguntou o que o espiritismo me empresta para a força que pareço ter diante das adversidades. Pergunta inquietante, respostas incompletas.

Somos feitos de quê? Difícil responder. Somos uma miríade constituída da ancestralidade, nossas marcas paternas e maternas advindas de mil gerações. A isso, dispomos do convívio e das lições que racionalmente aprendemos e guardamos. E, também, daquilo que dividimos e que entrou de alguma maneira nas nossas cabeças de forma irracional, ou pela pele, sem que tivéssemos prestado atenção. Disso tudo resulta a reação de cada um de nós diante das situações dispostas pela vida.

Uma das maneiras de se dizer que alguém é evoluído é quando este pondera, é quando esse alguém foge de seus impulsos mais primitivos de agressividade, é quando dizem que temos inteligência social, a arte da negociação até dos próprios sentimentos. O sangue puxa, saiu igualzinho ao pai...Mas, a vida tem suas particularidades e acabamos conhecendo outras pessoas, outros pensamentos, outras normas e isso pesa na balança das decisões. Legal, tenho o sangue e a ancestralidade e tenho o compartilhamento racional. A merda é que temos reações decorrentes da irracionalidade, aquilo que entrou em nossas vidas pela pele, sem que tivéssemos nos dado conta. Essa parte desconhecida e que às vezes emerge na gente é que faz crescer a ideia de somos marionetes, fantoches de alguma maquinação que nos coordena e escraviza, Seríamos um programa de computador tipo matrix? De onde vem exatamente essa força estranha?
Quanto posso deliberar sobre minhas decisões? Tenho realmente o livre arbítrio? Sou escravo do destino, sou marcado pela ancestralidade?

O espiritismo ou qualquer corrente que permita que desçamos do ônibus, que nos faça pensar além da caixa dá um autocontrole que transparece, exala pelos poros. A vida é instigante, nossas reações nem sempre são previsíveis, muitas vezes parecemos absolutamente descoordenados. Bem que Caetano falou: olhando de perto, ninguém é normal.

 

 

 

 

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