A mobilização dos professores da rede estadual contra o parcelamento dos salários e projetos que retiram alguns direitos da categoria está sendo feita além das paralisações. Na última reunião do Conselho Geral do Cpers foi aprovada a realização de aulas de cidadania que começam hoje na maioria as escolas estaduais de Passo Fundo e seguem até o dia 17 de agosto. O objetivo dessas aulas é o de informar aos alunos e à comunidade escolar sobre quais os motivos que levaram às mobilizações dos educadores e demais servidores públicos. Entre as razões estão o parcelamento dos salários, a aprovação da LDO que prevê o congelamento de salários até 2017, entre outros, conforme esclarece o Cpers estadual.
Para auxiliar os professores na organização das aulas de cidadania, o sindicato está enviando materiais informativos sobre, por exemplo, o que consideram os caminhos apontados pelos servidores para enfrentar a crise do estado como: combate à sonegação e à isenção fiscal, renegociação da dívida do estado com a União e a importância de garantir os recursos dos royalties do petróleo para as áreas da educação e da saúde.
Segundo o presidente do 7º Núcleo do Cpers, Orlando Marcelino, o trabalho atual do sindicato é de construção da greve, que vai ser votada em assembleia geral em Porto Alegre, no dia 18 de agosto. “A partir do parcelamento foi votado um calendário junto com os servidores de paralisação, como aconteceu no dia 3 de agosto, e de mobilizações. A partir daí ficou tipo 'operação padrão': nos outros setores estão fazendo o trabalho num ritmo menor e nas escolas estamos fazendo períodos reduzidos, com aulas de cidadania”, comenta. Nos primeiros dias da semana, os alunos foram dispensados após o recreio, mas a partir de hoje eles permanecem nas escolas e participam as aulas de cidadania. “Reduzimos o período, mas não dispensamos o aluno. Discutimos com ele as questões referentes ao governo, e outras questões que acharmos importantes. Para isso, algumas escolas estão se organizando, por exemplo, no Dia dos Pais, em levar os pais, fazer a festividade mas também discutir a situação do estado. Dia 11 é Dia do Estudante, então mobiliza e faz o debate”, explica.
Nos primeiros dias os professores dispensaram os alunos mais cedo para poderem organizar os calendários de como seriam feitas as discussões, “mas a partir de hoje começam a funcionar os debates nas escolas. Segue até dia 17, pelo menos, sendo que no dia 12 é paralisação, com assembleia regional de manhã e ato regional à tarde”, salienta. Nesta data, o Cpers estadual estará com o que chamam de caravana em Passo Fundo. Com isso, às 14h se reúnem com outras entidades estaduais em frente ao colégio Fagundes, na Praça da Mãe, e depois seguem caminhada na avenida Brasil. E no dia 18, também haverá paralisação para a participação da assembleia geral em Porto Alegre.
Como está funcionando nas escolas
No Colégio Fagundes dos Reis, por exemplo, as aulas de cidadania começam hoje. “A aula do currículo regular está reduzida, sempre até o recreio, e depois para cada dia temos uma agenda de atividades. Alguns dias os alunos são dispensados e em outros participam das atividades. Hoje (ontem, 5), por exemplo, a atividade depois do recreio foi específica para o corpo docente e funcionários da escola. Quinta (6) e sexta-feira (7) a atividade terá o envolvimento dos alunos”, comenta Graziele dos Santos, vice-diretora do turno noturno.Já os professores estão permanecendo nas escolas durante todo o seu turno de trabalho, mesmo nos horários em que os alunos foram dispensados. “Os professores permanecem na escola até o final do seu turno com alguma atividade. Teça-feira (4) fizemos toda uma análise da situação. Quarta (5) assistimos um vídeo e lemos um texto para debater alguns aspectos. Sempre ficamos na escola em atividade”, comenta a vice-diretora.