Boletim Focus
O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, manteve a previsão de inflação para este ano em 9,32%. A projeção para o PIB em 2015 passou de -1,97% para -2,01%. A estimativa para a taxa Selic no final do ano permaneceu em 14,25%. A projeção para o dólar em 2015 passou de R$ 3,40 para R$ 3,48. Pela primeira vez o mercado sinalizou que o crescimento em 2016 poderá ser nulo. De quem é a responsabilidade?
Boa notícia
A estabilidade nas contas externas do Brasil fez com que o país fosse excluído do grupo dos “cinco frágeis", criado pela JP Morgan Asset Management para identificar países considerados excessivamente dependentes de investimentos internacionais. Em relatório, a instituição informou que Colômbia e México passaram a integrar a lista no lugar do Brasil e da Índia. Turquia, África do Sul e Indonésia completam o grupo.
Crescimento
Relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) trouxe para o debate as expectativas de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 200 países. Desses, somente nove têm projeção de um desempenho pior que o do Brasil: Guiné Equatorial (-15,4%), Serra Leoa (-12,8%), Venezuela (-7%), Ucrânia (-5,5%), Vanuatu (-4%), Rússia (-3,8%), Belarus (-2,3%), Iêmen (-2,2%) e Libéria (-1,4%). Fica difícil acreditar nas desculpas emanadas do Palácio do Planalto: a culpa, pela crise financeira pela qual o Brasil está passando, seria derivada da conjuntura internacional. Ao invés de competirmos com os países desenvolvidos e em desenvolvimento, estamos competindo com países que não figuram no cenário internacional.
Setor automotivo
O Ministério do Trabalho estima que os setores da economia ligados à indústria automotiva fecharam 38,7 mil postos de trabalho no primeiro semestre do ano, o que corresponde a 11% do total de vagas encerradas no mercado formal no período. O levantamento inclui desde empregos ligados diretamente à fabricação e venda de automóveis e autopeças até a vagas de trabalho em postos de combustível, mas não considera o desempenho na metalurgia e siderurgia, o que indica que o impacto pode ser ainda maior. Nessa semana o governo anunciou a retomada da nova matriz econômica, a mesma que não deu certo em Dilma I poderá dar certo em Dilma II?
Varejo
Menor folga no orçamento das famílias, ofertas restritas de crédito e desânimo do consumidor. Essa combinação desfavorável levou o varejo brasileiro a ter o pior primeiro semestre em 12 anos. De janeiro a junho, as vendas do comércio varejista tiveram queda de 2,2% na comparação ao mesmo período do ano passado. É o pior resultado desde o primeiro semestre de 2003 (5,7%), de acordo com o IBGE.
Expectativas positivas
Pesquisa realizada pelo Programa de Pós Graduação em Administração da Escola de Administração da Faculdade IMED, lideradas pelos Professores Doutores Kenny Basso e Vitor Dalla Corte, sinalizam que existe otimismo em relação às expectativas para os próximos meses. Segundo os professores, “apesar do panorama atual do consumidor demonstrar preocupação quanto à economia e o mercado de trabalho, ele está otimista em relação ao futuro, com uma expetativa de melhoria da situação”. A crise irá passar, a questão é saber quem e quais setores sairão mais rápido dessa crise. Quem e quais setores estão se preocupando em melhorar sua performance nos negócios, melhorar a qualidade dos produtos e serviços.
Liderança ou falta dela?
Para o Cientista Político Carlos Mello, professor do INSPER, a grande crise que estamos vivendo é uma crise de liderança. Segundo o professor, há uma crise de verdade, “aquela em que se perde a perspectiva e não se sabe exatamente aonde vai dar” – O cientista nos diz que, esta crise somente se supera com lideranças políticas capazes de construir acordos, consensos e/ou saídas. Não se trataria de apenas de conciliar interesses que não são mais conciliáveis, muito menos de resolver questões escondendo o lixo sob os tapetes tecidos através dos acordos propostos. Seria necessário estabelecer processos e projetar um futuro com desprendimento e sem oportunismos pessoais ou partidários. Mello faz uma comparação: “Nem mesmo na mitologia grega, a superação se deu por mágica: o povo de Atenas precisou da coragem de Teseu e da inteligência de Ariadne para que o herói matasse o Minotauro e encontrasse o caminho de volta no Labirinto”. O Brasil vive seu Labirinto, sem Teseu ou Ariadne para nossa redenção.
Adriano é Coordenador do Curso de Administração da IMED