OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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Quando falta humanidade
A base da reflexão cívica do País em relação ao quadro de aperto geral das finanças públicas e do núcleo familiar identifica pressupostos inarredáveis. O primeiro aspecto é de investigação severa dos atos de corrupção para responsabilizar os culpados pela dilapidação do dinheiro público em níveis de descalabro. O segundo aspecto, também inadiável, é a reforma ético-moral, que forma nova consciência no trato da coisa pública. Nesse passo pergunta-se, o que está acontecendo com pessoas privilegiadas na consideração do povo, que se entregam a conduta marginal usando o prestígio outorgado? Este cidadão que é beneficiado pelo estado com educação, segurança e saúde, e incentivado pela própria família, com acesso à formação de elite, quando chega ao poder ou função de gestão revela-se delinqüente. E desconsidera qualquer censura moral ou ética. Todo o esforço da sociedade é jogado no lixo. Algo muito grava acontece na trajetória humana, quando uma pessoa ocupa função de destaque e se mostra destituída de valores básicos.

A elite da esperteza
O acesso aos espaços públicos e privados, infelizmente, há muitos anos, é concedido a grupos de elite ou que escalam o topo das elites, ludibriando o sagrado compromisso da cooperação. O cenário tétrico que orienta parcela das lideranças é a base pervertida do caráter, como se fosse algo dissociável da formação humana. Quem observa profissionais de diferentes setores, públicos e privados, constata verdadeiros arautos de bons serviços. Contata-se, também, a onda assustadora de pequenos e grandes empresários ou prestadores de serviço que age deliberadamente à margem da lei. É o caso dos transportadores de leite que adulteram o produto, agentes da saúde que desrespeitam o mais íntimo santuário humano implantando próteses desnecessárias e outras práticas similares. São os bem remunerados líderes do setor financeiro que burlam a lei fiscal com prejuízos milionários à arrecadação. E não estamos falando da escancarada propina que enriquece elites da esperteza e elege políticos para ostentarem o comando. A indagação angustiante é justamente para se saber o que está errado na formação (desumana) que facilita a ascensão de monstros aos postos de confiança. Repetimos, são pessoas de elite que já são privilegiadas por boa remuneração, mas renunciam a todos os parâmetros de dignidade para serem mais poderosos ou ricos. Todas as pessoas de bem dizem com propriedade que falta a formação de base. É simples a dedução. A grande maioria vive e luta cotidianamente, com trabalho e cooperação nas cidades e no campo. Dizer que a corrupção vem de cima é uma forma de ver as coisas. Mas sabemos que ela vem da base de um senso perverso, o que podemos chamar de educação familiar aliada ao ensino formal. Estamos buscando cegamente a solução em novas leis, mais severas para punir ladrões maiores e menores, sem a urgente revisão dos costumes na fase onde se implanta o conceito, a raiz do ser humano! Precisamos da coragem das elites para defender uma ordem correta.

Bom Jardim
A imprensa divulga o desmando cruel da prefeita de Bom Jardim, que exibe rara histrionice às custas do dinheiro que desvia da educação e saúde. Seu descontrole nababesco não é mais caso isolado. Crianças pálidas e famintas freqüentam escolas de péssima qualidade. O MP está agindo no caso.

Retoques:

* Passo Fundo tem topografia e fontes hídricas que são privilégios. O tratamento do rio que corta a cidade depende diretamente do tratamento do esgoto e da honestidade das pessoas que dele se utilizam. Vejam a capitulação dos sistemas de São Paulo e outras cidades. A água acabou antes das previsões. A reportagem da ON sobre as obras de esgoto na cidade revela a angústia que mobiliza instituições como MP e ONGs ambientalistas da cidade.
* Nem o primeiro mundo é um paraíso. Na Inglaterra há revolta com o custo do transporte urbano e taxa de desemprego na faixa jovem.

 

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