Para participar da Batalha do Pulador, marcada para às 14h deste domingo, dia 23, os proprietários de equinos precisarão apresentar a Guia de Trânsito Animal – GTA. Para o documento ser emitido, é preciso comprovar, através de atestados médicos, que os cavalos não estão contaminados com o mormo. A medida passou a ser exigida depois que uma circular do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) foi enviada para todos os órgãos gaúchos, exigindo o exame. “No dia 2 de junho foi comprovada a ocorrência de um foco de mormo numa propriedade localizada no município de Rolante. Em razão desse episódio, o Estado perdeu a condição de 'livre da doença mormo' e, em consequência, todos os equinos, para obterem a GTA, deverão ser submetidos ao exame da doença”, informou nota oficial do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Além disso, permanece a necessidade do exame de anemia infecciosa e da vacina da influenza, exigidos anteriormente para emissão da Guia.
O mormo é uma doença infecto-contagiosa que acomete cavalos, mas também pode ser contraída pelo homem. Nos cavalos, os sintomas apresentados são febre, problemas pulmonares, nódulos no couro e secreção nasal. A gravidade da enfermidade se dá por vários motivos: o primeiro é que não há vacina para combatê-la. Uma vez diagnosticado, a única saída é o sacrifício do cavalo. Além disso, se transmitida para o ser humano, também não há cura, em 100% dos casos leva a morte. A Secretaria da Agricultura, através da Inspetoria Veterinária, também vem aplicando uma série de medidas para evitar a propagação da doença. “Aplicamos todas as legislações federais e também temos o Programa Estadual de Sanidade Equídea, do qual o Mormo faz parte”, pontua o médico veterinário e fiscal estadual agropecuário, Gustavo Brunet Oliveira.
Como a infecção se dá através do contato com fluídos corporais dos animais doentes, a maior preocupação, desde o primeiro caso de mormo registrado em Rolante, são os eventos tradicionalistas, já que há, nesses casos, maior aglomeração de cavalos. No caso da Batalha do Pulador, encenada pelos Cavaleiros do Mercosul, houve diminuição na participação dos animais. “A doença nos pegou de surpresa e dificultou para o tradicionalismo, mas teremos que nos adequar as normas. Muitos proprietários já realizaram os exames exigidos e por isso os eventos não podem parar por aí. Vamos dar continuidade, mas em alerta”, explica Varlei Catto, comandante do Grupo. De acordo com Catto, no dia do evento médicos veterinários estarão na recepção para controlar a entrada e exigir a GTA dos proprietários. “Essa ação dará segurança para quem toma os cuidados necessários”, pontua. Neste ano porém, ao contrário do normal esperado, que é de 150 a 200 cavalos, apenas 80 participarão. A cavalaria da Brigada Militar, por exemplo, não estará presente na encenação, justamente para evitar eventuais transmissões. “Nossa recomendação é trabalhar preventivamente. O momento exige cautela de todos”, afirmou o tenente-coronel João Ignácio do Canto. A ausência de GTA pode acarretar em multa de até R$ 1.500 por animal e de R$ 15.000 para os promotores de eventos.
Exame
O exame da doença tem validade de 60 dias. Além disso, o entrave está no fato do RS não ter nenhum laboratório credenciado apto para realizá-lo e o laboratório mais próximo fica em São Paulo. Se for atestado que o animal está doente é preciso ainda realizar a contra prova, feita apenas em Pernambuco. Todo este processo leva mais de 40 dias e hoje, no RS, 16 resultados estão sendo esperados para confirmação, ou não, da doença.
O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Luiz Carlos Kreutz, destaca que a Universidade já possui um laboratório referência e realiza o exame de anemia infecciosa, por isso, solicitou ao Ministério da Agricultura autorização para que possa também fazer o diagnóstico de mormo. “É um processo demorado e exige investimentos, mas estamos com expectativas de que possamos atuar no diagnóstico de mormo a partir do ano que vem. Também estamos tentando firmar um convênio com o Laboratório de São Paulo para que possamos intermediar a realização do exame, facilitando o atendimento da população daqui”, ressalta o professor.