OPINIÃO

Aprendendo a lidar com as opiniões alheias

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Li esses dias um texto cujo título dizia “Deixem as grávidas em paz”. Basicamente, a autora defendia a ideia de que para a sociedade, a grávida parece ser propriedade pública. Todo mundo tem uma opinião formada sobre o que você deve ou não comer, beber, sobre o nome do bebê, sobre a criação e mesmo sobre como deve educá-lo.  Para as grávidas de primeira viagem, então, sobram conselhos, dicas, sugestões, apontamentos. E quando eu digo que sobra, só quem já passou por isso entende!

Quando eu digo que, ao chegar às 32 semanas de gestação, não tenho ideia se terei meu Miguel nos braços por parto natural ou cesárea, sou encarada como um ser de outro planeta! Todos tentam indicar o que consideram melhor: “cesariana é mais seguro” ou “a recuperação no parto é muito mais rápida, você não vai se arrepender”. Concordo, e assino embaixo. Agora, se não der pra ser parto por algum motivo maior, vou ser julgada porque meu filho veio ao mundo por parto cesárea?

E a dieta, então. O espanto de algumas pessoas quando eu falo que como o que tenho vontade - e mesmo que isso inclua pizza de vez em quando e pão branco também... e talvez um chocolate quando estiver a fim – só não é maior quando eu digo que, mesmo assim, comendo o que eu gosto, engordei em torno de um quilo para cada mês da gestação, e estou chegando aos oito meses me sentindo super bem! O peso da grávida parece ser algo que deve ser alardeado aos quatro ventos, porque agora percebo que todo mundo tem palpite pra dar sobre quanto a gestante “deve” engordar na gestação. Nos últimos dias, tenho limitado a dizer que nosso Miguel já tem quase dois quilos, e isso é ótimo na avaliação médica.

O trabalho também é algo que todo mundo parece saber opinar. Se digo que estou me sentindo bem e trabalhando no ritmo normal, sou julgada porque não estou curtindo o suficiente a gravidez. Na sequência, sempre tem uma história daquelas de alguém que ficou a gravidez toda em casa, em atestado médico. Gente, se a pessoa estava em atestado, certamente tinha algum problema que a impedia de trabalhar. Não é meu caso. Tenho me sentido bem – claro, mais pesada e lenta, mas isso é absolutamente normal. Vou trabalhar enquanto puder. E não sou eu a indicada para julgar quem deve ficar em casa ou não! Essas pessoas certamente têm médicos e profissionais a orientá-las.

Tenho tentado respirar fundo e dar ouvido só às histórias bacanas, aos exemplos positivos. Nos demais casos, faço uma cara de interesse mas no fundo fico pensando que a espera do Miguel está sendo muito tranquila, que ele já é muito amado e está se desenvolvendo bem. Fico pensando em como será a carinha dele, suas mãozinhas e deixo a pessoa falar e falar, balbuciando um ‘aham’ de vez em quando. Só me tira do sério a história de um conhecido sem nenhuma intimidade vir chegando pra colocar a mão na minha barriga! Ah, isso eu não permito, não! Até a barriga da grávida pensam que é patrimônio público?!?!?

 

 

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