Focus
Economistas de instituições financeiras pioraram pela oitava semana seguida as perspectivas para a contração do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, levando junto a projeção para 2016, ao mesmo tempo em que passaram a ver o dólar mais alto. A pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta terça-feira mostrou que a projeção para a retração da economia em 2015 chegou agora a 2,44%, contra queda de 2,26 % na semana anterior. Para 2016, a previsão de contração do PIB foi a 0,50 %, ante recuo de 0,40% anteriormente. A piora vem depois de dados confirmarem que a economia brasileira entrou em recessão técnica, com a queda de 1,9% no segundo trimestre sobre os três meses anteriores.
Indústria
Indústria brasileira enfrenta uma crise histórica e que parece sem fim. O setor se tornou uma das principais amarras do crescimento brasileiro, e o que era ruim piorou: nos seis primeiros meses de 2015, a produção industrial recuou 6,3% e voltou ao nível de 2009, quando a economia mundial se recuperava da crise financeira internacional (O Estado de São Paulo).
Segundo pesquisa da Fiesp de 2013, o produto nacional é, em média, 34,4% mais caro do que um similar importado, o que tira sua competitividade. “Hoje, a indústria paga de impostos 2,8 vezes mais do que a participação dela no PIB”, diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Decomtec). “Quanto ao câmbio, a alta do dólar neste ano ameniza parte dessa desvantagem, mas não recupera tudo. O câmbio é um importantíssimo instrumento de competitividade, mas não resolve. Temos de melhorar nossa eficiência.”
Nunca antes
Nunca antes na história houve uma onda de pessimismo tão generalizada como agora. De um lado, a população segura gastos diante da alta dos preços e da ameaça de desemprego. De outro, comércio, indústria e construção pisam no freio, porque sentem que o consumidor está inseguro. “Não há nenhuma razão estrutural forte para a economia estar numa recessão aguda. O que existe é um forte embate político que dificulta aquilo que poderia atenuar o quadro recessivo”, diz Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados.
Surpreendente
"Ao governo, cabe abandonar o mantra obsessivo de mais e piores impostos e operar uma reforma profunda do Estado, reduzindo Ministérios, cargos comissionados, e revendo contratos. Agora é a hora da verdade. O governo não cabe mais no PIB brasileiro e precisa reavaliar todos os seus programas e conferir prioridade aos que devem ser mantidos." Estas palavras, foram proferidas pelo senador Renan Calheiros. Sinal dos tempos, a tábua de salvação dos brasileiros depender de Renan Calheiros.
A virada
Segundo o economista Aloisio Campelo, superintendente adjunto para ciclos econômicos do Ibre/FGV, comparou os brasileiros com o restante do mundo e constatou: em 2010, quando o Produto Interno Bruto (PIB),cresceu 7,6%, estávamos no grupo de países que, comparados ao seu próprio passado, apresentavam o maior nível de otimismo. Hoje, a situação se inverteu e apresentamos um dos mais baixos níveis de humor.
De acordo com Campelo, o País está há cerca de três anos num processo de piora contínua da confiança e uma estabilização desse índice não deve vir antes de 2016. Campelo afirma que, depois de passada a pior fase, as projeções mais otimistas estimam um intervalo em torno de 10 meses para que a melhora da confiança comece a dar algum impulso na economia.
A mudança abrupta entre 2010 e 2015 é explicada pela interrupção do ciclo de forte crescimento. “Estava claro que não dava pra crescer sempre com o consumo e que a redistribuição de renda tinha data marcada para terminar. Isso, aliado a uma política econômica muito intervencionista e a uma piora na situação internacional, acabou por piorar a confiança”, diz Gesner de Oliveira, da GO Associados.
Adriano é Coordenador do Curso de Administração da IMED