Desde a introdução do plantio direto no Brasil, referenciada como a semeadura de um hectare de sorgo sobre resteva de cultivo de inverno, em Não-Me-Toque/RS, em 1969, que teve o protagonismo dos professores Newton Martins e Luiz Coelho de Souza, da UFRGS, muitas outras iniciativas aconteceram, com destaque para: os estudos com herbicidas dessecantes, apoiados pela ICI, que tiveram início em 1972/1973, no Paraná e no Rio Grande do Sul, respectivamente, culminando com a publicação “Normas para o plantio direto de trigo e soja para o Rio Grande do Sul”, assinada por Mike R. Barker e Erivelton S. Roman, em 1974/75; a organização dos Clubes Amigos da Terra (CATs), para troca de experiências sobre plantio direto; e o Convênio Fundacep-BASF, firmado em 1985, sob a liderança do pesquisador José Ruedell, que assentou as bases do novo Sistema Plantio Direto pela inclusão da aveia preta no inverno como cultura de cobertura para a formação de palhada e a filosofia colher-semear. Não obstante, passados 20 anos e apesar da euforia que grassava entre os pesquisadores das Ciências Agrárias com os resultados experimentais que demonstravam a eficiência do plantio direto no controle da erosão do solo e da multiplicação de relatos ufanísticos do sucesso obtido por produtores rurais que haviam utilizado a pratica âncora da agricultura conservacionista, a adoção desse sistema estava muito aquém da esperada, no começo dos anos 1990. Eis que então, em 1992,um levantamento expedito, coordenado pela Embrapa Trigo, identificou as causas que impediam a adoção do sistema plantio direto em boa parte das regiões do Alto Uruguai e Planalto Médio, no Rio Grande do Sul. Nascia aí uma das mais bem-sucedidas experiências brasileiras de transferência de tecnologia em agricultura, envolvendo parcerias entre empresas/instituições públicas e privadas; dos segmentos pesquisa cientifica e tecnológica, extensão rural, industrial, comercial e de serviços: o projeto METAS.
O projeto METAS – Viabilização e difusão do sistema plantio direto no Rio Grande do Sul foi concebido e coordenado pelo pesquisador José Eloir Denardin. Em essência, construiu-se uma proposta inovadora de parcerias complementares entre empresas/instituições públicas e privadas. Foi viabilizado por contratos firmados entre instituições de pesquisa e de extensão rural – Embrapa (Trigo e Clima Temperado), UFPel e EMATER-RS - e empresas produtoras e comercializadoras de insumos – Monsanto do Brasil Ltda., Máquinas Agrícolas Jacto S.A., Semeato S.A. Indústria e Comércio, Sementes Agroceres S.A., Companhia Agrícola Extremos Sul S.A., Irmãos Cioccari e Companhia Ltda./Calcário Fida e Adubos Trevo S.A. - e contou com a participação de assistentes técnicos de cooperativas, de secretarias municipais de agricultura e da iniciativa privada. O sinergismo das ações possibilitou, em tempo recorde, a multiplicação e o nivelamento do estado da arte em conhecimento sobre o novo Sistema Plantio Direto.
No começo dos anos 1990, na área de abrangência do Projeto Metas, especialmente concentrada nas regiões do Alto Uruguai e Planalto Médio, no RS, os problemas de conservação de solo eram perceptíveis na paisagem. O problema da erosão avultava a cada ano. O novo Sistema Plantio Direto era a solução apontada pela pesquisa. Todavia, a adoção desse sistema entre os produtores rurais não decolava. Por quê? O levantamento expedito realizado pela Embrapa Trigo em 1992, identificou como causas principais: (1) necessidade de ajustes regionais de algumas tecnologias; (2) indisponibilidade de semeadoras para plantio direto em conformidade com a estrutura fundiária dominante; e (3) falta de domínio pleno do sistema pelas empresas prestadoras de serviço de assistência técnica e de fornecimentos de insumos e de equipamentos para orientar a prática. Com o diagnóstico pronto, começou a ser desenhada a solução do problema. (continua...)
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