As Roupas Novas do Imperador
Reza a lenda que em determinado reino, um Imperador, influenciado por sua corte, contrata os melhores tecelões do mundo para confeccionar lhe uma roupa que, de tão especial, seria vista apenas por filhos legítimos de seu reino. E é claro que, tamanha exclusividade, teria um alto preço de investimento, mas, por outro lado, tornaria o imperador, demasiadamente poderoso. Eis que, na ingenuidade de uma criança, a verdade é desmascarada e o rei ridicularizado em frente ao povo, pois aparece de ceroulas!
Os tecelões do imperador
Desde que o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu o comando do governo federal, o custo de pessoal triplicou: em 2002, quando Lula venceu a eleição presidencial, a folha de pagamento de todos os funcionários do governo era de R$75 bilhões por ano. Ao fim do segundo mandato, o custo ultrapassou os R$183 bilhões. Com Dilma, o aumento acelerado continuou e a folha pulou para R$240 bilhões. FHC contratou 19 mil servidores em 8 anos; Lula aumentou o quadro em 205 mil. Dilma, só no primeiro mandato, empregou 115 mil pessoas. Em 2002, a máquina pagava R$ 40,4 mil/ano por cada servidor. Em 2014, Dilma paga R$ 110,4 mil em média a cada um de seus funcionários (Ong Contas Abertas). Qualquer semelhança com a fábula do imperador não é mera coincidência: os tecelões e o quadro inchado de servidores e suas funções tão necessárias... Bem, digerível se pelo menos garantisse um serviço público de qualidade!
Grau de Investimento 2008
Em 2008, durante seu governo, quando o país conquistou o grau de investimento, Lula comemorou o feito. Disse que era uma conquista do povo brasileiro e sinônimo de "seriedade" das ações do governo. "Agora o Brasil é considerado um país sério por parte dos investidores estrangeiros", disse, na época. "Não sei nem falar direito a palavra 'investment grade', mas se fôssemos traduzir para uma linguagem que todos os brasileiros entendam, pode-se dizer que o Brasil foi declarado um país sério, que tem políticas sérias, que cuida de suas finanças com seriedade", afirmou. E continuou: "O Brasil, na verdade, virou 'investment grade' porque o Brasil toma conta do seu nariz, decide sua política econômica, decide aquilo que queremos fazer". Cômico, se não fosse trágico: Poderia o rei estar convencido de que este seria um processo extremamente vantajoso, que lhe garantiria ser visto como alguém realmente emanado de poderes especiais? Tentaria ele convencer seu povo disso?
Grau de Investimento 2015 e as ceroulas na mão
Após 13 anos no poder, o ex-presidente Lula, parece brincar com fogo e com a inteligência do povo brasileiro. No último 10 de setembro, ao participar do 3º Congresso Internacional de Responsabilidade Social, em Buenos Aires, o ex-presidente, minimizou a decisão da agência de risco Standard & Poor’s de rebaixar a nota de crédito do Brasil de “BBB-” para “BB+”, fazendo o país perder o chamado “grau de investimento”. Lula em entrevistas a emissoras brasileiras afirmou que “Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer”. Após 8 anos como presidente, onde fez um governo de responsabilidade, sabendo ouvir e conduzindo a economia como um verdadeiro estadista, o presidente parece crer que o povo é como os filhos bastardos do reino. Será que ele chegou a acreditar que não enxergaríamos que nosso governo está trajando apenas ceroulas?
Impactos
Os impactos para a economia brasileira da perda do grau de investimento, ainda não estão precificados por todo o mercado. O segmento que incorporou tal perda é o do dólar, que já acumula alta de mais de 40% ante o real, somente nos meses de janeiro a setembro de 2015. As empresas locais e as pessoas físicas, bem como o governo, sentirão a elevação dos custos de financiamentos e a redução da entrada de dólares no país. Os fundos de investimentos espalhados pelo mundo só apostam em países que tenham o tal selo de bom pagador, ou seja, “investiment grade”. Caso outra agência de risco se associe a Standard & Poor’ e também reduza a performance brasileira, o fato estará consumado. Sugiro observamos as agências Fitch e Moody's que ainda mantem o Brasil com o grau de investimento. Permaneçamos vestidos senhores, mas sem hipocrisia!
Boletim Focus e a Confiança (ou a falta dela!)
O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, reduziu a previsão de inflação para este ano. O índice passou de 9,29% para 9,28%. A projeção para o PIB em 2015 sofreu nova redução, passando de -2,44% para -2,55%. A estimativa para a taxa Selic no final do ano permaneceu em 14,25%. E a projeção para o câmbio passou de R$3,60 para R$3,70. O boletim Focus, reflete a falta de confiança na atual mandatária do país, que se reelegeu com a promessa do slogan “governo novo, ideias novas”. O mercado encontra-se cético com o anuncio das promessas fiscais do governo. E, para qualquer economista ou investidor, quando se trata de política fiscal, a questão central é a credibilidade. Semana passada o governo enviou ao Congresso Nacional um orçamento com déficit de R$ 30,5 bilhões para 2016. Afirmou, reiteradas vezes que não há outro jeito, o orçamento é este! Nessa semana, apresentou nova proposta, onde o povo paga 60% do ajuste por meio da recriação da CPMF, e o governo 40%. Assim como o Imperador orgulhoso, o governo perdeu a credibilidade e sem credibilidade não há salvação.
Adriano é Coordenador do Curso de Administração da IMED
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