O forte terremoto que atingiu o Chile na noite de quarta-feira (16) teve reflexos em vários municípios do Brasil, inclusive Passo Fundo. A magnitude do tremor foi de 8,4 graus na escala Richter, de acordo com o serviço sismológico chileno, causou a morte de pelo menos 11 pessoas e tirou 1 milhão de casa. A gravidade do abalo foi a razão pela qual moradores de três prédios de Passo Fundo, na região do Hospital São Vicente de Paulo, puderam sentir a vibração. Segundo o professor de física da Universidade de Passo Fundo, Álvaro Becker da Rosa, provavelmente devem ter vibrado mais pontos no município, mas de uma maneira muito imperceptível. “É claro que se treme com muita intensidade lá no Chile, isso acaba refletindo em outros pontos, como aconteceu aqui. Mas o que chegou para nós é muito fraco em relação ao que aconteceu lá”. Ele explica que os pontos onde foram sentidos os abalos provavelmente possuem um solo mais rochoso, por isso transmite a vibração de maneira mais eficiente. Os prédios foram avaliados pelo Corpo de Bombeiros, mas nenhum dano foi encontrado. Outras situações como essas foram registradas em Passo Fundo em outros momentos, como em 2011, quando um terremoto atingiu a Argentina.
Tremores
“A crosta terrestre na realidade é uma casquinha muito fina”, explica Becker. Segundo ele a Terra, que nos parece sólida, na realidade é uma pequena espessura que flutua em cima de uma parte líquida. “Para ter uma noção mais clara disso, eu costumo utilizar uma comparação: se a Terra fosse uma maçã, a casca da maçã seria a crosta sólida, o solo que nós pisamos. E o interior da maçã seria todo o líquido pastoso”. Essa crosta é formada por uma camada rochosa fragmentada, ou seja, vários blocos, denominados placas tectônicas, que estão em constante movimento, sempre se reacomodando. “Por exemplo, quando se faz pudim, se carameliza uma forma, de vez em quando o açúcar trinca. O terremoto seria mais ou menos isso, um escorregamento dessa placa tectônica, da camada sólida, uma sobre a outra. Ela fica forçando e de repente dá uma escorregada e aí acontece um tremor de terra”, explica Becker.
No Brasil
Ao contrário de países como o Chile, o Brasil está no meio de uma placa tectônica, onde terremotos são incomuns. “O Brasil não tem essas rachaduras que existem no Chile então tudo o que nós recebemos são reflexos”. De acordo com Becker, os únicos prejuízos que poderemos ter aqui é quebrar um lustre ou uma janela. “Pode acontecer uma coisa mais séria porque as nossas construções não são preparadas para suportar terremotos. E lá eles já têm esse cuidado quando constroem prédios e casas. É uma coisa desagradável e assusta, mas no Brasil nós podemos ter tranquilidade porque o que nós vamos ter são apenas reflexos. É um fator de alívio pra nós”.
No Rio Grande do Sul, também houve registros de leves tremores em Torres, Tramandaí, Santa Maria, Passo Fundo e Novo Hamburgo. Além dos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.