Infelizmente, é comum crianças serem encaminhadas para avaliação fonoaudiológica somente após os três anos de idade, mesmo que esteja evidente um atraso no desenvolvimento de sua linguagem. A falsa crença, bastante difundida, de que os pais não devem se preocupar quando seu filho não começa a falar na idade esperada, ou que seja normal que algumas crianças falem somente mais tarde, acaba por complicar um quadro que, com intervenção precoce, pode ser resolvido.
Para evitar situações como a acima citada, é primordial que os pais conheçam o desenvolvimento normal da linguagem na criança:
-Até 2 meses de idade: o bebê reage ao meio ambiente. Comunicação sem intenções. Os adultos acabam por atribuir significados que o bebê ainda não atribui espontaneamente a sua fala.
- Dos 2 aos 8 meses: explora mais o ambiente, começando a agir sobre ele. O bebê reage sobre o que acontece ao seu redor, demonstrando suas alegrias e frustrações frente às diferentes situações.
- Dos 8 aos 12 meses: desenvolve comunicação intencional, ou seja, aponta para o objeto desejado, olha para o objeto que quer, leva a mão do adulto até o objeto, onde os gestos são acompanhados de vocalizações.
- 12 a 18 meses: forte comunicação intencional, começam as palavras a partir do primeiro aniversário. Palavras isoladas com vários significados, por exemplo, “banho”, pode significar que ela quer tomar banho, ou o próprio espaço do banheiro.
- 18 a 24 meses: começam a surgir enunciados com duas palavras, formando um esboço de frase: “qué mamá”, “nenê papá”, etc.
- 2 anos: nesta fase temos a fala telegráfica, onde novas categorias de palavras são colocadas nos enunciados, mas existe uma tendência de omitir elementos linguísticos como artigos e preposições: “nenê qué água”.
- 3 anos: frases ficam mais completas, já é capaz de contar histórias (verídicas ou inventadas).
Lá pelos 4 ou 5 anos passa a dominar significativamente a gramática da sua língua. Produz frases longas, complexas e coerentes com presença de artigos, conjunções e preposições. Por volta dos 5 anos, espera-se que a criança já domine todos os sons da fala, ou seja, não apresente trocas fonêmicas ou omissões de sons em sua pronúncia das palavras. Este marco é importante, pois a partir dos 6 anos, entrará em processo de domínio da linguagem escrita (alfabetização) e, transferirá seus erros de fala para a escrita.
No que se refere aos distúrbios de linguagem, nem sempre é possível chegar a um diagnóstico preciso que explique o quadro encontrado. Porém, duas questões importantes podem estar envolvidas:
-Características da criança: alterações de natureza orgânica, distúrbios emocionais, alterações de ordem cognitiva.
-Características do meio ambiente: desestruturação familiar, estimulação inadequada (falta de estimulação ou nível de exigência incompatível com a capacidade da criança).
Quando houver suspeita de algum problema de linguagem, não se deve esperar que o tempo resolva. É necessário encaminhar a criança na mais tenra idade a um especialista, no caso, o fonoaudiólogo.