OPINIÃO

A hora desconfortável

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Se observando curto período de nossa história, social, econômica, e política, veremos momentos de otimismo e superação. O abalo na economia internacional que sacudiu os EUA gerou uma onda de apreensão em vários países especialmente na Ásia e Europa. Os primeiros impactos tangenciavam o final da administração do presidente Lula, que mostrava absorção da crise graças ao vigor do setor primário e a demanda de alimentos na China. Tsunami no mundo ganhava epítetos como a marolinha no Brasil, com o crescimento gigante das perspectivas na exploração do petróleo nas profundidades do oceano, especialmente o Pré-Sal. A previsão de investimentos internacionais no país imprimia visão otimista, nem tudo alcançado. A crise mundial do petróleo já pressionava grandes grupos afetados pela queda do preço internacional. A principal estatal brasileira teria fluente viabilidade na sua estrutura gigante, se não fosse o escândalo do Lava Jato, que revelou desestabilização e queda das ações. E a Petrobras sangra ainda. O prejuízo que abalou uma cadeia produtiva no país questionou a seriedade de grupos políticos, empreiteiras gigantes, partidos do governo e a credibilidade brasileira.

Empregos
A empregabilidade cresceu significativamente no Brasil, com as expansões da Petrobras e projetos de grandes investimentos. Com a proximidade da copa e as verbas públicas transbordando, as primeiras manifestações de desconfiança interna ganharam as ruas. O alerta veio sem a necessária definição, contaminada pela paixão partidária e rescaldada pelos postos de trabalho, ainda abundantes na época de crescimento econômico. Emprego e renda é fonte de segurança que inibe revolta popular. Mega projeto habitacional absorvia a mão de obra na galopante construção civil. Como o país não parou, mas apenas reduziu investimentos, a margem de desemprego está uma faixa de tolerância. Os programas sociais, ainda que não avancem, mantêm estabilidade e fazem circular recursos. Nem mesmo os gargalos de saúde pública e segurança significam abalo insuportável, em que pese algumas apreensões com o nível dos serviços públicos. O que acontece no país é a sensação incontestável de que há crise. As pessoas sabem que está acabando a efêmera zona de conforto.

Sem prejuízo
Os comentaristas econômicos que ganham status opinativo poderiam apresentar estimativa de resultados com o maior investimento democrático de governo, que é a ação policial, que desmantela a corrupção em vários setores. Se a Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal, dinamitam focos de roubo, como nas duas principais operações, na Fazenda Federal e Petrobras esse dinheiro não some. Se, em vez de sair 50 bilhões, os cofres públicos recebem mais dinheiro, sem as fraudes, inverte-se a via do abismo. E quanto em recursos significa estancar sangria financeira? Este raciocínio não funciona? Será?

Retoques:
* Enquanto várias metrópoles sofrem o vergonhoso abalo ambiental pela devastação de muitos anos e a desastrosa falta de água, temos uma boa notícia em Passo Fundo. A Secretaria de Meio Ambiente promove o plantio de árvores nas margens de nosso rio. Este projeto não pode parar nunca, assim como o tratamento de esgoto.
* Se prestarmos atenção veremos atitudes da sociedade, no mínimo, cooperativas. São grevistas em doação de sangue, fuzileiros navais ajudando vítimas de enchente, médicos e enfermeiros esticando horário no pronto-socorro e tantos gestos de virtude. Entidades como a OAB e CNBB, sempre atentas aos acontecimentos e cidadania.
* Registramos nosso pesar pelo falecimento do empresário Paulo Tagliari. Chamou-nos a atenção seu sucesso na atividade agrícola e muitas vezes ouvíamos sua opinião sobre tecnologia na produção e investimentos na região, onde mantinha propriedade modelo. Foi sempre solícito.
* Vivemos num país de muitas riquezas e temos chance de boa recuperação. É claro, sem ilusão miraculosa. Nós é que vamos pagar a conta amarga. Não tem saída. Precisamos da mobilização, direito e cada vez mais obrigação do povo. Reforma em toda parte, inclusive nos salários exorbitantes que nosso estado vem pagando.

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