Produtores implantam lavoura sem o seguro agrícola

Alta do dólar influencia ainda no menor investimento em tecnologia para a safra de verão 2015-16

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Os produtores rurais ligados ao Sindicato Rural de Passo Fundo e à Associação de Produtores Rurais de Pontão iniciam a safra de verão com um risco duplo no campo. O primeiro deles é a não contratação do seguro agrícola para as áreas cultivadas, em função da diminuição dos valores para custeio da implantação das lavouras e ainda o cancelamento do subsídio do governo dado aos agricultores. O segundo, a diminuição da aplicação de tecnologia nas lavouras em função da alta do dólar, especialmente para aqueles que deixaram para adquirir os defensivos neste período. 

De acordo com o vice-presidente do Sindicato de Passo Fundo e da Associação de Pontão, Jair Dutra Rodrigues, o percentual de produtores rurais ligados ás duas entidades que entrarão na safra de verão sem seguro, pode chegar a 90%. De acordo com ele, os valores reais disponibilizados pelo governo federal para o custeio das lavouras é muito inferior ao anunciado. Com menos recursos para custeio, os produtores acabam também ficando sem o seguro agrícola.
Isso acontece porque quando o produtor financia o valor de implementação da lavoura por programas governamentais, o seguro agrícola acabava sendo incluído e com um subsídio de 20%. Sem o valor de custeio, a contratação com uma seguradora particular acaba ficando até 30% mais cara. “É muito difícil o produtor que procura uma seguradora pra fazer somente o seguro agrícola, então não tendo recurso para o custeio o produtor não vai atrás do seguro agrícola. E alguns que fizeram o custeio não pegaram o seguro porque o governo não subsidiou esse ano”, acrescenta.

Riscos
Para Rodrigues, o risco que os produtores correm sem as lavouras estarem seguradas é muito grande. “Há a possibilidade de se ter uma lavoura avariada por granizo, temporal ou chuvarada. Isso está acontecendo e muito nesta época do ano. Estaremos iniciando o plantio de soja agora na metade de outubro e o milho já está estabelecido e produtores de milho já tiveram prejuízos por causa de queda de granizo”, exemplifica. Além de menos recursos para custeio e cancelamento do subsídio de seguro, os juros praticados são considerados elevados.

Os riscos se agravam ainda em função da atuação do fenômeno El Niño. Rodrigues destaca que é difícil que uma chuva de granizo, por exemplo, destrua uma lavoura inteira. Mas isso pode acontecer quando se trata de pequenas propriedades. Na região de abrangência das duas entidades são cultivados cerca de 100 mil hectares de soja e milho, principalmente. 

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