OPINIÃO

Gessinger, Cortella, Pesce...

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Minha mulher está lendo A Menina do Vale, livro disponível de grátis pela internet, livro de Bel Pesce sobre as lições de empreendedorismo do Vale do Silício. Enquanto tomamos café neste início de manhã de sexta, ela (Sandra) me pergunta sobre o festival de música de Woodstock, acontecido em agosto de 1969 na cidade de Bethel, Estado de Nova York, para 400 mil pessoas. Para quem não lembra a Guerra do Vietnanm foi um espetáculo hediondo de jovens matando jovens e o festival, imaginado para três dias de paz e música foi uma miríade de revolta pacífica que envolveu sexo, drogas e rock-and-roll, paz e amor, faça amor e não faça guerra. Como condenar jovens que se recusam a matar?  Há muitos mantos nas nossas caminhadas: lenços chimangos-maragatos, camisetas azuis-vermelhas, mantos que nos inspiram e dirigem até que nossas essências existencialistas fazem com que abandonemos os demônios externos para que possamos exorcizar os demônios que nos habitam, assim como afirmou Nietzsche – em tempos de paz o guerreiro luta contra si mesmo.

Mário Cortella aborda Sócrates e Bel Pesce aborda a melhor maneira de atingir a melhor versão de si mesmo, nesta manhã na Rede CBN. Então,  lembrei de Humberto Gessinger e sua música Somos o que Podemos Ser. Cortella referiu, não lembro quando, que vivemos balançando sobre as três possibilidades quero-devo-posso. Tem coisas que quero, mas não posso;  tem coisas que posso, mas não devo;  tem coisas que devo, mas não quero. Gessinger refere que somos o que podemos, não o que queremos e nem o que devemos. Concordas com isso? O talentoso músico talvez entenda que, de fato, a gente se acomoda e acaba realizando somente aquilo que se pode, não o que se quer ou que se deve.

Sócrates desafiava a todos até a exaustão questionando infinitos porquês, sobre as escolhas e as razões, racionais ou não, de todas elas. Aqui desta janela vislumbro  na minha frente, a vinte metros, o quartel do exército, o quartel do 20, da cavalaria e sua importância para a nossa cidade. É bonito, tem muitas almas e histórias, meu pai e seus amigos desfilam garbosos a minha frente, na minha imaginação. Como a vida pode ser bela, saudoso, concluo. Quase tudo é questão de perspectiva pessoal.  Penso que setembro já passou novamente e nem lembrei de Tim Maia e Cassiano – quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti, nem de Vanusa em Manhãs de Setembro em que minhas colegas de Cenav cantavam em 1974 enquanto balançavam suas pernas pendentes dos muros do colégio. Acho que nesse mês de setembro de 2015 fui o que poderia ser, mas não o que quereria ser e nem o que deveria ser – mais contemplativo, mais dionísico, mais apreciador da beleza. Setembro foi o que eu permiti que fosse, mas talvez não ou que eu desejasse  e nem o que eu quisesse. Mas, espere, ainda é primavera, há tempo para sermos o que devemos e o queremos ser.

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