OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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· 2 min de leitura
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Cunha e as contas secretas

É impossível admitir-se um clima de banalização da corrupção, mesmo com novas revelações envolvendo lideranças partidárias. Pelo menos numa das acusações vê-se o torpor da mídia nacional que parece não se sensibilizar com a gravidade da situação. Referimo-nos às reiteradas informações emitidas às autoridades brasileiras e ao próprio presidente do Congresso Nacional Eduardo Cunha. Detentor do terceiro posto na sucessão da República, as autoridades suíças informam que Cunha e familiares possuem contas secretas naquele país. Eduardo Cunha negou peremptoriamente isso em março deste ano, quando surgiram as primeiras investigações. Agora foi denunciado pelo procurador Rodrigo Janot. A suspeita levou à denúncia de Cunha, por lavagem de dinheiro no exterior. O Supremo dirá se aceita ou não a denúncia! Ainda no começo do ano alertávamos sobre a investigação dos escândalos, especialmente o Lava Jato, que movia a polícia nos EUA, Holanda e Suiça, confirmando suspeitas.

Ícone em queda
Com velocidade espantosa, o presidente do Congresso Eduardo Cunha assumiu a liderança rumo ao impeachment da presidente Dilma. Houve momento em que atraiu de tal modo os holofotes da mídia que suplantou lideranças tucanas, como Aécio Neves e outros. Seu ímpeto embalado pelos gigantes da imprensa elevou-o ao centro do pódio oposicionista. Estava criado o novo ícone, uma espécie de bomba relógio contra o governo. As denúncias de contas secretas na Suíça, em seu nome e de familiares abalaram seu prestígio. E, lamentavelmente, deixaram a grande imprensa não mais que perplexa, mas desarvorada. Este sintoma de aplacar o impacto de possível escândalo com o presidente de um poder da República é comprometedor para a imprensa livre.

E agora, José?
O senador José Agripino Maia (presidente do DEM), saliente pela violência de seus ataques ao governo, sobre a suspeita de ter negociado propina da OAS. O caso não teria ligação com a operação Lava Jato. Seria o segundo caso de suspeita contra este senador, já apontado no escândalo do DETRAN de Natal, depois que o empresário delator afirmou que José teria pedido um milhão para aprovar norma de favorecimento. É gente de peso, como se suspeitava com José Dirceu e outros, envolvida em denúncias.

Impugnação a Dilma e Temer

O Tribunal Superior Eleitoral acaba de reabrir o processo da ação de impugnação de mandato eletivo, proposto pelo PSDB, contra Dilma Rousseff e Michel Temer. A ação pede a cassação de Dilma e Temer, por abuso de poder econômico e poder político nas últimas eleições. A suspeita é de que recursos da Petrobras tenham sido carreados ao cofre do partido da presidente. Uso desproporcional da publicidade e da máquina pública são aspectos examinados pelo TSE.

A cama de Procusto
A situação de governabilidade da presidente Dilma anda semelhante ao suplício aplicado por Procusto, como narra mitologia grega. O processo retomado pelo TSE ocorre em meio a fragilidades políticas e econômicas. Procusto tratava seus hóspedes com tirania, adaptando-os ao tamanho de sua cama, esticando as pernas, no caso de hóspedes de menor estatura ou decepando as pernas dos maiores. O final da era procustiana teve a interferência de Teseu que dominou o malfeitor e lhe infligiu o mesmo suplício. Se considerarmos o segundo processo – das pedalas do orçamento – verificamos situação aflitiva para a presidente Dilma. Só a apuração de mérito favorável poderá aparecer como Teseu, para resolver. “Alia jacta est” (a sorte está lançada) e temos que aguardar o final dos dois processos.

Retoques:
Assusta o número de mortos pela polícia em São Paulo, que conta 700 casos entre 3.000 divididos nos outros estados. E policiais também são mortos em diligências.
Observando reportagem sobre o calor excessivo em salas de aula, chama atenção a fala da professora preocupada com a situação dos alunos, numa temperatura de 40 graus, sem refrigeração. A mestra não mencionou que também sofre o calor exagerado! Expressou muita dedicação!

 

 

 

 

 

 

 

 

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