OPINIÃO

Celestino Meneghini

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· 2 min de leitura
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Graves advertências

Nunca se viu uma artilharia de ofensivas judiciais e extrajudiciais tão pesadas para derrubar a presidência do Brasil. Há uma diferença cristalina, no entanto, em relação às investidas contra o presidente Collor, que acabou renunciando. A atuação pessoal, de honradez da presidente Dilma preserva-se incólume. Embora as ações com pedidos de cassação ou impeachment contra a presidente, tudo isso pende de avaliação de fatos apontados na análise opinativa do Tribunal de Contas, como é o caso das pedalas do orçamento e a investigação sobre efeitos do Lava Jato nas eleições de Dilma e Temer. No caso das pedaladas, é bom lembrar que se trata de analisar atos de irregularidade, passíveis de punição, mas que se referem ao manejo contábil orçamentário, inclusive para sustentação de motes de relevância social, como os projetos habitacionais federais e Bolsa Família. Não se cogita de enriquecimento ilícito, ou corrupção. Com tudo o que se revolve perante o Congresso e o Judiciário, é possível, sim, que a presidente possa sofrer a perda de mandato. Que seja o que for. O resultado será a prevalência de acúmulos de erros e acertos, cuja tendência pode tomar rumos surpreendentes em meio a alvoroço de interesses políticos. Dilma suportando essa fase ressurgirá fortalecida.

Cunha insiste

O presidente da Câmara Federal ensimesmou-se perante a gravíssima denúncia cada vez mais assombrosa. Está acontecendo tudo o que um representante de poder republicano não deveria suportar. A Polícia Federal, além das informações oficiais do ministério público Suíço, está nos calcanhares do deputado que se defende sem retrucar as acusações, apenas com a crosta de privilégios de mandatário de poder. A história sempre temerária do colegiado legislativo do país está a perigo. O problema é com a pessoa do presidente. Se continuar andando no andor do poder (que exige legitimidade) poderá comprometer a história do Parlamento Brasileiro. Embevecido, e até ridente, provoca sensação imprevisível entre as pessoas de bem, uma vez que está mais para suspeito do que para julgador. Cunha não responde perguntas sobre o grave incidente que protagoniza. Desvia o assunto em atitude muito peculiar nos distúrbios de borderline.

Direito e Justiça
Segundo Jhering, em Lévolucion Du Droit, o Direito não exprime a verdade absoluta nem é a medida de acordo com os objetivos. Estamos em constantes adaptações em busca da justiça e da justiça social. A mensura tem caráter universal. O direito não tem a mesma forma para todos e atende necessidades de uma época e de um povo – “...à son degré de civilization, aux besoins de l’époque”. Queremos dizer que o povo espera lavar a alma quando se levanta uma investigação gravosa e de interesse público. Se na essência já é difícil apresentar modelos mais perfeitos de justiça humana, e menos ainda da justiça divina, cabe advertência aos que manejam a opinião pública vendendo ilusões. A passionalidade partidária não pode desfigurar o que conseguimos pelas instituições, nem gerar expectativa além das possibilidades. É preciso que a mídia se comporte temperadamente para que se responsabilize o quanto antes os delituosos desta excrescência de corrupção.

Retoques:
Airton Dipp aniversaria hoje. Aos 65 anos, percorreu valorosa carreira de engenheiro civil, prefeito de Passo Fundo por três vezes e duas vezes deputado federal. Político e pai de família exemplar. Nossa homenagem ao amigo Dipp.
Está em curso investigação sobre uso de diárias pelos vereadores e alguns poderão estar incursos em fraude no estado.
Algumas coisas acontecem, no entanto, com elevação do dólar, como a previsão de aumento na área da soja no estado.
Enquanto um lamento triste ecoa por todos os recantos onde há inundação no Rio Grande, Passo Fundo é beneficiado por sua topografia, no divisor das águas. Ali na rua General Netto, o “divortium aquarum”: a chuva se reparte, uma para o Jacuí e outra para o rio Uruguai.

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