O dia 15 de outubro é dedicado aos professores brasileiros desde 1947. Para alguns desses profissionais há pouco a comemorar: no Estado, salários parcelados - e baixos, na opinião dos docentes. Nas escolas, problemas, falta de recursos e desrespeito de alunos são queixas recorrentes, mesmo nas instituições particulares. Mas existem aqueles que veem na data um momento de confraternização e tempo para lembrar a importância do profissional para a sociedade. O Nacional ouviu a opinião de quem quer seguir na função e quem a exerce há pouco tempo, além daqueles que dedicaram a maior parte de suas vidas a ensinar pessoas.
Quem quer ser, quem é professor há pouco tempo
Marina de Oliveira nem concluiu a licenciatura em Letras e já decidiu que quer ser professora. E professora de escola pública, deixa claro. A estudante de 20 anos encontrou apoio em casa: a mãe sonhava com a profissão, mas não chegou a seguir a carreira. Para a filha, a coisa será diferente. “Eu tenho convicção que eu quero ser professora, porque é uma área que eu amo”, afirma.A parte financeira não é o principal para ela, que cursa o segundo semestre da faculdade. Conforme Mariana, a importância da função vai além de salário. “Ser professor, hoje, é um ato de amor. É independente de quanto você vai ganhar. Se você não ama isso, não tem como seguir essa carreira”.
Leitora de Machado de Assis, Jane Austen e Ricardo Azevedo, Marina quer dar aula de Literatura. “Apesar de ter várias carreiras que as pessoas consideram importantes, como medicina e advocacia, todas as pessoas passam por um professor”, diz. “Para você chegar a algum lugar, tem que passar por um professor. Não apenas para te ensinar uma profissão, mas te desenvolver como pessoa”. Marina faz parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), da Universidade de Passo Fundo. O programa, um convênio entre a universidade e o governo, visa dar as primeiras experiências em sala de aula de escolas públicas aos alunos dos cursos de licenciatura. Cerca de 300 participam do programa.
Edynara Silva Ribeiro é professora em duas escolas da cidade: uma pública e outra particular. Dar aula para alunos mais velhos que ela, que tem 22 anos, é uma das barreiras no começo da carreira. “Para ser professor, em primeiro lugar, é preciso compreender as pessoas, saber lidar com o próximo e com as dificuldades”, pontua. Quando perguntada se as dificuldades da profissão podem desanimá-la, a jovem professora responde com convicção. “Não, porque gosto muito do que faço”. Mas para fazer, Edynara passa trabalho, em especial na escola pública. “Não era o que eu esperava, as dificuldades estão cada vez maiores. A gente precisa de um maior suporte material, didático, que, muitas vezes, não temos”, diz.
A professora comenta que “acaba sendo um pouco pai e mãe dos alunos”. No entanto, em pouco mais de um ano na função, Edynara já colhe frutos da carreira. “Esses dias, uma aluna me disse que vai fazer vestibular para Letras por minha causa. Isso me deixou muito contente. Pelo pouco tempo que me conhece, virei referência para ela, como uma boa professora”, lembra. Quanto ao futuro, Edynara acredita na valorização da carreira no país. “Nós precisamos continuar mostrando para a sociedade que é preciso insistir na formação de professores, na educação”, opina.