OPINIÃO

O novo livro de Selma Costamilan

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Selma Costamilan, no alto dos seus 89 anos recém-completos (1º de setembro), apesar de alguns problemas de saúde inerentes ao envelhecimento humano, continua intelectualmente tão ativa como outrora. E como prova cabal disso é que, graças ao seu empenho pessoal, está prestes a vir a publico um novo livro sobre a história de Passo Fundo vista partir das biografias de personalidades do mundo empresarial, político, militar e educacional e de suas criações; algumas delas ainda bem presentes no dia a dia da cidade. Trata-se do resgate do trabalho que Selma Costamilan realizou, em meados dos anos 1960, quando atuou como professora na Escola Estadual Antonino Xavier e Oliveira, sob o título “Conhecimento de Valores de Passo Fundo”, garimpando biografias e organizando-as com grade esmero e farta ilustração com fotografias de qualidade, sendo os textos datilografados em folhas do tamanho A2 (59,4 cm x 42,0 cm), que foram enfeixadas em dois grandes volumes de capas vermelhas, cujo acesso, até então, tem sido privilégio de poucos. Com a transformação do conteúdo dos “dois grandes livros vermelhos” em um livro com formato menor e de fácil manuseio, uma boa parte da história de Passo Fundo, especialmente dos anos 1940, 1950 e 1960, estará vindo a público.

Quem conhecer esse novo livro – ou algum dia viu os dois grandes livros vermelhos originais – não terá qualquer dúvida das incontáveis horas de trabalho que Selma Costamilan dedicou para organizar obra de tamanho vulto. E tampouco alguém pode negar o valor historiográfico e documental reunidos. São dados, muitos obtidos a partir de fontes primárias ou por meio de depoimentos de pessoas que hoje estão mortas, que trazem à luz acontecimentos ou explicações para determinados fatos que até então eram desconhecidos para boa parte dos passo-fundenses contemporâneos. Nas páginas escritas por Selma Costamilan desfilam as biografais pessoais e os principais fatos da história local que tiveram a participação dos ocupantes do poder executivo municipal (Daniel Dipp, Wolmar Salton, Mário Menegaz, etc), dos vereadores (Delmo Alves Xavier, etc.), dos militares (Grey Belles, etc.), de autoridades religiosas (Dom Cláudio Colling), de pessoas ligadas ao ensino (Olga Caetano Dias, etc.), de médicos (Telmo Ilha, etc.), de advogados (Verdi De Césaro, etc.), entre tantos outros. Além da atuação da Campanha Nacional de Alimentação Escolar em Passo Fundo, tendo à frente Ida Della Méa, de entidades assistenciais como a LBA, presidida por Dejanira Lângaro, do Clube da Saúde, dirigido por Heloisa Almeida, da história de famílias tradicionais de Passo Fundo (Antônio José da Silva Loureiro, o Barão), dos bancos (Banco da Província, etc.), do comércio (João Battisti, Conrado Hexsel, etc.), de empresas (Pepsi-Cola, Grazziotin, etc.), da imprensa (Múcio de Castro, etc.), dos veículos e comunicação (Rádio Municipal, etc.), dos clubes de futebol (Gaúcho e 14 de Julho) e muito mais.

Um aspecto que se sobressai no livro é a preocupação de Selma Costamilan com medidas socioeducativas para os menores em situação de vulnerabilidade social em Passo Fundo. Não raro, por meio de entrevistas, ela procurou capitar a percepção do problema e o tipo de proposta que as autoridades públicas e as personalidades da sociedade local tinham para a solução de um problema que, apesar de muito menor do que hoje, já clamava por atenção nos idos dos anos 1960.

O novo livro de Selma Costamilan, mesmo escrito por uma educadora e não por uma historiadora profissional, tendo muito de memorialismo, pode servir como fonte de inspiração para que os nossos historiadores lidados aos meios acadêmicos, lançando mão de teorias historiográficas, ampliem a base de conhecimento da história de Passo Fundo.

Eis mais um legado que Selma Costamilan, a par do seu trabalho como professora, ativista cultural e mulher engajada politicamente com causas sociais relevantes, deixa aos passo-fundenses. A Academia Passo-Fundese de Letra rende o seu respeito a Selma Costamilan, membro emérito da instituição.

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