Projeções
Não são nada animadoras as projeções do mercado para o restante do ano de 2015 e o ano de 2016. Os dados divulgados pelo relatório Focus mostram a deterioração do crescimento para o ano de 2015, a previsão é de -3% sendo assim, o 14º recuo seguido consecutivo. O que realmente sobe segundo o boletim Focus é a inflação. O IPCA deverá fechar o ano em 9,75% por sua vez a mediana para 2016, em alta há 11 semana, chegou a 6,12%.
Efeitos da crise
A política anticíclica criada em pelo governo Lula, para combater o efeito da crise americana originada pela quebra de bancos e pelos derivativos, possibilitou a criação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). De acordo com o programa, o BNDES empresta a taxa inferior à TJLP, assim por um bom período era comum empréstimos a juros fixos de 3% ao ano. Quem deveria bancar a diferença entre a taxa do PSI e a TJLP mais o spread que é utilizado para cobrir o custo da intermediação financeira e o risco da operação de 1% ao ano deveriam ter sido pagas pelo Tesouro Nacional ao BNDES. O subsidio pode ser pode ser caracterizado pela TJLP estar abaixo da inflação conforme segue: atualmente a Selic é de 14,25% ao ano, e a TJLP, de 6,5%. Os juros sobre um empréstimo de R$ 1 milhão seriam de R$ 142 mil pela Selic, ante R$ 65 mil se empregarmos a TJLP, um subsídio anual de R$ 77 mil.
O saldo de tais operações é uma dívida de R$ 26 bilhões em dezembro de 2014, segundo o balanço do BNDES. A questão toda é que o Tesouro deve para o BNDES e o BNDES deve para o Tesouro, seria fácil um encontro de contas porém, o ex-ministro Mantega, estabeleceu um prazo de seis anos para o BNDES pagar o tesouro. Quem paga vai pagar a conta?
Cotações
Até 2005, o valor da tonelada estava em torno de US$ 20. Depois disso, passou de US$ 140, em 2011, beneficiando muito o Brasil. Agora, com a desaceleração da economia chinesa, os preços já estão abaixo de US$ 60. A queda do preço trará menos dólares para o Brasil, via balança comercial, afetará o resultado da Vale, e também vai diminuir a arrecadação do governo, dificultando o ajuste fiscal. Por sua vez, o aço chegou a atingir mais de US$ 1.200 e hoje está a cerca de US$ 200. Com maior ou menor intensidade os preços do petróleo, minério de ferro cobre e platina sofreram quedas significativas. Tal queda pode ser creditada a desaceleração global, liderada pela China, que construiu infraestrutura para suportar suas necessidades de muitos anos. Quando Dilma assumiu em 2011 o vento que era de cauda transformou-se em vento de frente. A conta chegou!
Imóveis
Segundodados disponibilizados pelo Banco Central do Brasil (BACEN), na média os preços dos imóveis residenciais subiram 15% a.a., diante desse cenário o preço de um imóvel é na média 4 vezes maior do que era no começo de 2005. De acordo com o levantamento do BACEN, nos últimos 12 meses que foram analisados de agosto de 2014 até agosto de 2015, o crescimento foi de somente 3% a.a., perdendo para a inflação. Uma das fontes de financiamento imobiliário é a poupança, só que os saques da popança totalizaram R$ 54 bilhões só em 2015, e os saques tem tendência de continuar acontecendo. Outra fonte, o FGTS, está ameaçada pelo Congresso, que quer aumentar sua remuneração. Por último, o Tesouro Nacional não tem mais forças para apoiar financiamentos baratos pela crise fiscal pela qual estamos passando. Em síntese os principais fatores que empurraram os preços e o setor imobiliário na última década não estarão mais tão presentes na próxima década que são os fatores renda e condições de financiamento.
São Levy
Ao analisar o atual cenário político e econômico do Brasil a colunista de economia do Jornal O Globo Miriam Leitão, teceu o seguinte comentário: “encurralada como está, não há o que a equipe econômica possa fazer para aliviar o quadro de recessão, inflação alta e incerteza fiscal que o país está vivendo. Os que querem no governo e no petismo derrubar Levy não sabem o que propor como alternativa. Por isso, o movimento não faz sentido. Mas nada mais faz sentido neste governo.”, Miriam Leitão colunista do jornal O Globo.
Adriano é Coordenador do Curso de Administração da IMED