Uma audiência foi realizada no Ministério Público Estadual, na quinta-feira (05), para tratar dos ruídos intensos oriundos da Procissão de São Cristóvão, que acontece anualmente no mês de julho. A reunião foi motivada por reclamações apresentadas pela Associação de Moradores e Amigos do Centro (Amac) ao Ministério Público. Além da Amac, representada por José Rodrigo Santos, participaram o secretário municipal de Meio Ambiente, Rubens Astolfi, o coordenador de fiscalização ambiental, Rafael Colussi, e o secretário municipal de Segurança Pública, João Darci Gonçalves da Rosa.
Uma das principais questões discutidas na audiência foi o horário que iniciou os ruídos na procissão realizada, neste ano, no dia 26 de julho. “A Amac apresentou uma reclamação ao Ministério Público em relação a intensidade dos ruídos gerados pela procissão deste ano, alegando que o barulho começou muito cedo, em torno das cinco horas da manhã. Esta primeira reunião foi para avaliar o teor da denúncia”, revela o promotor de Justiça, Paulo Cirne.
A Amac informa que recebeu muitas reclamações devido ao barulho e, inclusive, um abaixo-assinado dos moradores do Centro. “O objetivo é benzer os carros e não buzinar. Parece que se perdeu o foco da festividade por parte dos participantes”, argumenta o vice-presidente da Amac, José Rodrigo Santos. A ideia é sugerir uma nova rota para a procissão, regrar o horário de início do evento e minimizar a utilização das buzinas. “Queremos que o evento continue, mas que ele se concentre no bairro São Cristóvão. Cada ano, a procissão pode ocorrer em um trajeto diferente. Também é preciso novos regramentos quanto ao horário e locais para o buzinaço”, salienta o o vice-presidente da Amac. Uma nova reunião deve ser agendada para o mês de março de 2016, com a presença dos organizadores do evento religioso. “Decidimos agendar um encontro com os organizadores da procissão para que, de forma consensual, possamos superar alguns problemas identificados neste ano. Não há a intenção de impedir ou prejudicar a manifestação em si, mas reduzir o impacto que ela gera”, garante o promotor.
“É a devoção das pessoas. A procissão acontece há décadas e é só uma vez por ano”
O pároco da Paróquia São Cristóvão, padre Geraldo Collet, argumenta que buzinar é uma forma do caminhoneiro se expressar devido ao intenso e desgastante trabalho pelas estradas. “O trabalho do caminhoneiro é sofrido, ele vive sob pressão na estrada. O ato de buzinar expressa o seu grito”, argumenta o padre.
Collet justifica que o evento religioso só acontece uma vez ao ano. “Não é arruaça. É a devoção das pessoas. A procissão acontece há décadas e é só uma vez por ano. As pessoas estão ficando cada vez mais intolerantes com as próprias pessoas. Acredito que a maioria das pessoas compreendem a motivação dos caminhoneiros. Estas denúncias foram feitas pela minoria”, analisa o pároco. O padre afirma que concorda com a possibilidade de um acordo. “A diminuição do barulho pode ser estudada e analisada. Respeitamos os direitos das pessoas que estão reclamando e acho que o barulho pode ser amenizado, mas não temos como impedir que os motoristas buzinem. É tradicional. Eles estão em busca da bênção e proteção de São Cristóvão”, diz Collet.