Estudantes resgatam sementes crioulas em Ibiaçá

Projeto de pesquisa foi vencedor da Feira de Ciências da UPF e busca resgatar culturas pouco conhecidas ou difundidas

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Trabalho das estudantes de Ibiaçá foi premiado na Feira de Ciências da UPFTrabalho das estudantes de Ibiaçá foi premiado na Feira de Ciências da UPF
Trabalho das estudantes de Ibiaçá foi premiado na Feira de Ciências da UPF
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A expansão das monoculturas como, por exemplo, soja e milho, acaba por diminuir a produção de diferentes espécies de alimento. É assim com o milho crioulo, ou variedades diferentes de feijão e pipoca que não aquelas comerciais. Para resgatar a história dessas culturas e proporcionar que a gerações mais novas as pudessem conhecer, valorizar e garantir a continuidade de cultivo, duas estudantes do ensino fundamental de Ibiaçá realizaram um trabalho de pesquisa, coleta e criação de um banco de sementes. O trabalho de pesquisa “Resgatando as sementes perdidas e crioulas: promovendo a diversidade”, foi vencedor na categoria ensino fundamental na Feira de Ciências da UPF.

Apesar de ter sido iniciado há pouco tempo, o banco criado pelas estudantes Alice Trentin e Suelen Corso, ambas de 14 anos, já conta com pelo menos 45 espécies de sementes. Orientadas pela professora Romilda Pelisser, o projeto é ambicioso e pretende resgatar, armazenar e proporcionar a distribuição de sementes de pelo menos 200 espécies. “As sementes crioulas e caseiras são muito importantes para preservar a diversidade de plantas que temos no nosso dia a dia. Os alunos entrevistaram avós, parentes e conhecidos mais velhos para buscar as sementes que os mais jovens não conhecem”, explica a professora.

O trabalho teve início no Clube de Ciências da Escola Estadual Professora Adelaide Picolotto que realiza encontros semanais em horários extraclasse. Posteriormente as estudantes buscaram apoio da Emater, por meio das extensionistas, que auxiliaram na coleta das sementes e na aproximação com um grupo de mulheres camponesas que já trabalha o resgate de sementes crioulas no município. “As alunas trabalharam juntamente com essas mulheres que forneceram alguns tipos de sementes. Além dos grãos, as estudantes coletaram dados das famílias que os doaram e contatos para que caso alguém tenha interesse possa entrar em contato para solicitar sementes e promover a disseminação”, acrescenta a professora.

Sementes diferentes
Entre as sementes que incluem o banco criado pelas estudantes estão espécies nativas como o pau-brasil e outras não tão conhecidas. A professora explica que há exemplares de oito tipos de feijão, de diversas cores e formatos, entre eles o feijão que leva o curioso nome de olho de porco. O grande grão branco é diferente daqueles encontrados nos supermercados em geral. A professora explica que este tipo de feijão é usado especialmente em saladas.

Os grãos de diferentes cores que vão do amarelo ao vermelho intenso do milho crioulo também incluem a coleção. Outro grão que chama a atenção pela cor, cinza escuro quase preto, é o de uma variedade de pipoca. A professora garante que apesar da cor externa, quando o grão estoura a pipoca é mais branca e macia do que a comum encontrada no mercado. “Na minha casa só planto deste tipo”, afirma a professora.

Trabalho social
A extensionista da área social e chefe do escritório municipal da Emater de Ibiaçá, Lisiane Rosa Carra, explica que no município há um grupo de mulheres camponesas que trabalha com esse resgate e compartilhamento das sementes crioulas. Ela destaca a importância deste tipo de iniciativa para resgatar e permitir a preservação de espécies alimentares que, de outra forma, poderiam acabar se perdendo. Além disso, o plantio livre de agroquímicos é estimulado pela Emater e permite a produção de alimentos mais saudáveis e, inclusive, mais saborosos.

Continuidade
A estudante Alice e a colega Suelen Corso se empenharam no estudo e contaram com o apoio de familiares, a orientação da professora e apoio da Emater Municipal. “Não tínhamos muita noção de pesquisa e ter essa oportunidade abre caminhos e a mente para que futuramente continuemos usando esses conhecimentos para que o projeto tenha futuro”, diz Alice. Suelen enfatiza ainda que o objetivo do banco de sementes não é deixá-las armazenadas, mas proporcionar que as pessoas possam plantá-las e multiplicar esses alimentos e espécies de plantas diferentes.

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