OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Perigo para as liberdades

Paris e toda a França, além do terror dos atentados, vive o estado “être en garde contre quelqu’un ou quelque chose” (vigiar sob ameaça de qualquer um ou qualquer coisa). O abalo da violência pelo barbarismo fere dolorosamente uma conquista histórica de ampla liberdade, sedimentada na alma dos franceses e olhada como referência por toda a humanidade. O sentido abrangente e sublime dos direitos e deveres de cidadania, conciliado num ambiente construído pela saga de patriotismo, tem o condão de aliar o belo das facetas cotidianas donde brotam inspirações plurais de felicidade humana. Nesse contexto, o francês é ameaçado pela mais pérfida ação da inveja. O vértice da convivência não é luxo, mas arte da memória e a beleza dos significados. É um grau elevado de democracia agora atacado por terroristas. Esse contorno que atrai os desejos de pessoas em todo o mundo concentra também o ódio fundamentalista. E a gravidade das circunstâncias e violações, infelizmente, constrange a vida da população de profissão religiosa islâmica, que busca na França a mesma liberdade. Além da tristeza pelas mortes violentas, o mal da desconfiança perturba a paz coletiva, entre os justos de todos os matizes. A liberdade, como pressuposto de felicidade, está em chamas, com a predominância do “en garde”, o estado de vigilância e medo. O direito inalienável de desejo e desfrute de bens maravilhosos, de uma cidade de luzes e riquezas, não pode se submeter ao ódio. Este mata e cruelmente ataca a liberdade e os frutos da potencialidade humana. A França, o mundo árabe, e todo o mundo, vivem a dor de um luto difícil de ser reprimido pela força.

O horror da escravidão

A dor de uma história que desejaríamos apagar é parte de muitas civilizações. Respeito profundamente os que preferem nem lembrar os tempos de irreparáveis violações, principalmente da escravidão negra e dos nativos de nosso país. O canto, em forma de lamento, composto pel italiano Giuseppe Verdi, também conhecido como “O Coro dos Escravos”, remonta ao cativeiro da Babilônia e resume a grande lição para humanidade, que sonha em transformar o sofrimento em virtude para se levantar.

Castro Alves
Foram séculos de dor insuportável de um povo africano dizimado. Como descreveu Castro Alves, em Navio Negreiro – tragédia no mar - aqueles homens simples, ou príncipes de suas tribos foram arrancados de suas casas, com suas mulheres e crianças para viver na escravidão. “São mulheres desgraçadas, como Agar o foi também/ que sedentas, alquebradas/ de longe...bem de longe vêm/ Trazendo com tíbios passos,/ filhos e algemas nos braços/ n’alma, lágrima e fel...” E diz o poeta que lá nas areias infindas nasceram crianças lindas, e viveram moças gentis, também arrancadas de suas vidas felizes.

Zumbi a luta
Hoje, depois das lutas sangrentas do povo negro e de tanto heroísmo, como Zumbi, o líder imolado pela causa libertária, os quilombos e tantos inocentes anônimos, (todos mártires pela libertação), chegamos aos tempos mais promissores. Embora a discriminação, velada ou explícita, por uma sociedade contaminada por ódios absurdos, vemos horizontes fartos de luzes de igualdade no Brasil. Estamos evoluindo para a felicidade.

Retoques:
A Cultura Artística de Passo Fundo trouxe ao Palco do Fórum a primorosa apresentação das sopranos Eiko Senda e Angela Dill, além do pianista Ney Fialkow. Espetáculo de nível internacional.
As informações do colunista Elmar Floss, que também é empresário e pesquisador, traduzem a confortante idéia do potencial de nossa produção primária da região e do País. Prova de que a competência para o desenvolvimento é motivo para se acreditar no sucesso.
O Papa Francisco reforça seu apelo e diz que usar o nome de Deus para matar é blasfêmia.
Os franceses baixam a cabeça pelos mortos, mas não diante do terrorismo!

 

Gostou? Compartilhe