As chuvas acima da média e o inverno brando no Rio Grande do Sul estão entre os principais fatores que favorecem o aparecimento de mosquitos, dentre eles o Aedes aegyti, transmissor da dengue, da febre chicungunya e do zika vírus. Isso, porque durante o inverno, quando as temperaturas realmente baixam e fazem vários dias consecutivos de frio a maioria dos mosquitos adultos não sobrevive. Com relação ao excesso de chuvas, elas facilitam que se formem locais com água parada que se transformam em criadouros para os mosquitos.
Mas esses fatores não influenciariam tanto se toda a população mantivesse o cuidado dentro de suas residências e nos pátios. E é justamente nesse quesito que o combate ao mosquito tem sua principal barreira. Apesar do trabalho dos agentes da vigilância na visitação das casas e orientação da população, muitas pessoas que são notificadas por existirem focos de larvas em suas residências não resolvem o problema.
Para aumentar a efetividade das ações da população o município elaborou um projeto de lei para autuar e multar quem for notificado mas não cumprir com as orientações de eliminar os criadouros do mosquito. Depois de passar vários meses sendo adequado, o projeto de lei está finalizado. Segundo o procurador-geral Adolfo Freitas, o texto está pronto, com todas as adequações necessárias e só depende da assinatura do prefeito para ser encaminhado para a Câmara de Vereadores. “O texto já está no gabinete e estamos apenas esperando o prefeito Luciano retornar de viagem para encaminhá-lo para a Câmara”, esclarece o procurador.
A demora em finalizar o projeto se deu porque era preciso elaborar um texto que não ferisse preceitos constitucionais e nem transpassasse leis federais. “Essa lei é realmente necessária para Passo Fundo, por isso o projeto foi estudado com muito cuidado e temos a expectativa de que os vereadores irão aprovar”, comenta o secretário municipal de Saúde, Luiz Artur da Rosa Filho.
Resistência em atender os agentes
Além de não eliminarem os focos, muitas pessoas são resistentes a receber os agentes em suas casas. Este problema vem sendo enfrentado desde o início dos trabalhos. “Existe ainda um pouco de resistência por parte da população. Antes era em torno de 10%, mas fizemos um treinamento específico para os novos agentes, contratados por processo seletivo, para tentar diminuir este índice. Hoje acredito que os agentes estão mais preparados para enfrentar essas situações e vencer essa barreira”, salienta Luiz Artur.
Proximidade do verão aumenta preocupação
Durante o ano de 2015 Passo Fundo teve nove casos de dengue, sendo oito importados e um autóctone. Mesmo estando há vários meses sem ter qualquer notificação de casos, a proximidade do verão é sinal de alerta. “Seguimos encontrando focos durante todo o inverno, com a chegada do verão eles costumam aumentar naturalmente, por isso a nossa preocupação”, reforça o secretário.
Por isso, a ideia é aumentar a vigilância, em especial por causa do zika vírus e da sua possível relação com o aumento de casos de bebẽs com microcefalia em vários estados brasileiros. “Dependemos do fechamento dos dados do LIRAa, pois é a partir do índice de contaminação que aparecer nesse levantamento que teremos que traçar as próximas ações. Além disso, no dia 9 de dezembro estarei em Porto Alegre para receber as orientações do estado em relação a recursos e estratégias para evitar a circulação do zika”, salienta.