Através do projeto “Rede de Memórias”, estudantes e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Luiz Gonzaga pesquisaram as origens e o desenvolvido do bairro São Luiz Gonzaga. Além disso, a própria comunidade elencou os espaços que consideram patrimônio. O trabalho resultou na confecção de um jornal e em uma exposição no Museu Histórico Regional.
A história do bairro foi resgatada por meio de pesquisas e entrevistas com antigos moradores. “Foi feita pesquisa com pais e alunos para apontar os principais lugares considerados patrimônio. Foram apontados espaços como o ambulatório, o presídio e a Corsan, entre outros. Os estudantes resgataram a história desses lugares”, relatou a professora da Escola São Luiz Gonzaga, Sirlei Fátima de Souza. A chegada dos primeiros moradores, quem adquiriu as áreas, os estabelecimentos instalados foram sendo colocados em uma linha do tempo. “Foi feita uma rede de memórias a partir dos relatos dos moradores mais antigos”, destacou a professora.
O loteamento começou a ser construído na década de 1960. “Na década de 1940 meu pai, Narciso Vieira D'Avila, começou a negociar a compra destas terras. Meu pai adquiriu um milhão de metros quadrados. Em 1961, o pai começou a preparar o loteamento, que foi aprovado, em 1963, pelo prefeito da época Benoni Rosado”, revelou o mestre em História, Ney D'avila. A família D'avila também doou o terreno para a construção do ambulatório do bairro. “No início dos anos 1980, a minha mãe doou um terreno para as irmãs de Notre Dame para construir o ambulatório”, destacou D'avila.
A irmã Maria Xavéria, que teve papel importante na construção do bairro, também foi tema de pesquisa. “As irmãs ajudaram bastante na construção do bairro quando não existia nada aqui. O ambulatório foi inaugurado em 1982 e era uma época difícil, porque não havia água e nem luz. Tudo foi construído por meio de doações da comunidade. A própria irmã Xavéria ajudou a construir com as próprias mãos o ambulatório”, enfatizou a aluna Kavany Bairro.
Os jogos de futebol nos campos do bairro são fatos marcantes na memória da comunidade. “O entretenimento das famílias na época era se reunir em torno dos campos improvisados de futebol. A partir disso, em 1981, surgiu a ideia de fundar a associação de moradores”, observou o presidente da associação de moradores do bairro São Luiz Gonzaga, Rodolfo Boita.
O conhecimento adquirido pelos estudantes e a importância deste resgate histórico do patrimônio local foi destacado pela professora de História e Geografia, Vanderléia Cendron. “O projeto visou resgatar a história deste local que eles vivem. Os alunos perceberam a importância de conhecer o local onde moram. Todos este material foi transformado em um jornal e exposto no museu”, disse a professora.
Lugares de vivência
Os lugares de vivência são significativos na vida de uma comunidade. “Esse trabalho proporciona uma leitura de sentido para esse espaço de vivência e questiona as pessoas sobre o que é patrimônio de histórico para eles. Com certeza, essa experiência projetará outros olhares sobre a cidade como um todo”, destacou a professora da UPF, Dra. Jacqueline Ahlert.
O projeto desenvolvido pela escola faz com que os moradores percebam que eles são os protagonistas da história. “O projeto Rede de Memórias oferece o protagonismo para estas pessoas. Na medida que elas começam olhar para seu próprio espaço e reviver e recontar as suas próprias memórias, elas percebem que fazem parte da história deste lugar e desta construção”, salientou o professor da UPF, Dr. Adriano Comissoli.
A coordenadora do projeto Rede de Memórias, professora Ironita Machado, ressaltou a importância das escolas abordarem a história local. “Percebemos que é muito importante discutir a pluralidade e diversidade do patrimônio. Historicamente, os currículos escolares abrangem a história nacional e mundial e pouco se trata da história local, regional e do patrimônio”, comentou Ironita.