Uso racional protege a lavoura e diminui danos ao ambiente

Especialista da Embrapa Trigo orienta produtores a terem calma na hora de tomada de decisão de aplicações de defensivos na lavoura

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A expectativa de uma boa safra de verão, beneficiada pelas chuvas fartas ocasionadas pelo El Niño exigirão do produtor muita atenção à lavoura, principalmente no planejamento e tomada de decisão para a aplicação de defensivos. O medo do ataque de doenças ou pragas pode estimular os produtores a ampliar os números de aplicações de agrotóxicos na lavoura, bem como a aplicação calendarizada pode representar aplicações desnecessárias de certos agroquímicos no campo. Especialista da Embrapa Trigo de Passo Fundo aconselha a se ter cautela na hora da tomada da decisão e estar atento aos sinais da lavoura para definir a aplicação de determinados defensivos.

O pesquisador João Leonardo Fernandes Pires atua na área de manejo da Embrapa e explica que tem observado com preocupação a calendarização da aplicação de defensivos, especialmente nas lavouras. Muitos fatores interferem no surgimento e desenvolvimento de pragas e doenças como as condições climáticas gerais ou mesmo o momento do plantio. Quando o produtor faz a aplicação calendarizada, geralmente não leva em conta a ocorrência ou não de pragas e doenças no campo. “A nossa experiência tem mostrado que muitas vezes estamos exagerando nesse sentido, mesmo em anos chuvosos. Às vezes a gente estaria colocando uma ou duas aplicações a mais sem necessidade”, alerta.

Pires enfatiza que para a ocorrência de um problema é necessária a conjunção de três fatores: condição ambiental, a presença da doença ou praga e a suscetibilidade da planta. “Então se eu não tenho um desses componentes não vai acontecer o problema, por isso há a necessidade do monitoramento. Não adianta eu ter soja na lavoura e estar chovendo se não tiver o inoculo da ferrugem na minha lavoura”, exemplifica lembrando que nem sempre os problemas identificados em outras partes precisam causar preocupação aqui.

Monitoramento
O monitoramento do campo é fundamental para garantir que a aplicação de defensivos, quando necessário, seja feita no melhor momento possível e com melhores resultados. “Foi criado um cenário de apreensão de que não pode ter nada de doença, nada de praga, se não estou perdendo. E às vezes o que se usa para controlar tem o custo mais elevado do que a possível perda”, diferencia. Ele reforça que as ferramentas para controle devem ser usadas racionalmente até porque o uso abusivo de defensivos sem a necessidade acaba promovendo a criação de resistência de pragas, doenças e ervas daninhas aos produtos disponíveis no mercado. “Precisamos usar as ferramentas corretamente para aquilo que foi desenvolvida e principalmente dentro do acompanhamento da lavoura. Claro que às vezes é mais tranquilo fazer calendarizada, mas isso tem um custo para o ambiente e para o bolso”, enfatiza.

Equilíbrio
Na opinião do especialista, da mesma forma que o produtor não pode ser relapso, não precisa exagerar nos cuidados. “Esse equilíbrio é uma das bandeiras da Embrapa. Não é porque eu encontrei uma lagarta ou folha comida que eu preciso bombardear com produtos. Tem toda uma dinâmica. Em anos de muita chuva, por exemplo, a soja cresce muito e é até bom que a lagarta coma um pouco das folhas para que potencialize o rendimento”, exemplifica. Com atenção e manejo equilibrado de produtos, o agricultor consegue manter problemas em níveis que não comprometem o rendimento. 

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