OPINIÃO

Natal, para que serve essa data?

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As novidades sobre a política e economia no Brasil não dão tempo para qualquer analista emitir juízo, sob o risco de desatualização. É prisão de manhã, nova operação à tarde, flagrante à noite. Antigamente, em Cruz Alta, quando um homem chegava atrasado em uma conversa qualquer, para ganhar tempo ele perguntava: mulher de quem? Porque certamente a fofoca envolvia a mulher de alguém. Agora a gente pergunta: quem foi preso? Então, sob o enorme risco de desatualização não vamos tratar disso, vamos pensar um pouco sobre o natal.

Mudei de opinião muitas vezes sobre o significado dessa data. Já amei o natal pela expectativa do presente, já detestei pela ideia da comercialização ou mercantilização desse feriado. Atualmente passei a achar natal como importante em relação ao fato de dar-receber presentes. Jesus, recém-nascido ganhou ouro, incenso e mirra dos reis magos. Todos gostam de ganhar mimos. Eu, particularmente, gosto mais de dar presentes. É bacana quando podemos agraciar as pessoas que amamos. Mas, de que presentes as pessoas que amamos necessitam? Joias, eletroeletrônicos, viagens, roupas? Quais os presentes mais significativos? Vejam vocês que o natal é um dia do ano apenas, ao contrário do dia dos pais e mães que deveria ser todos os dias, assim como o dia das crianças. Por que homenagear o pai e a mãe num dia específico, todo dia era dia de índio, cantava Baby Consuelo (não sabes quem é Baby? Era mulher de Pepeu. Não sabes quem é Pepeu?). O melhor presente é aquele que a pessoa realmente necessita, carinho, atenção, amor, talvez tudo isso caiba num simples abraço.

A suposta melancolia natalina deve ser porque ao analisarmos a Era Cristã e o impacto de Jesus que é considerado como o espírito mais iluminado da civilização ocidental, sentimo-nos diminuídos. Jesus apresentou ao mundo o ágape, o amor incondicional pelo outro, superior ao amor sobre si mesmo. Quantos de nós somos capazes disso? Ao percebermos a chegada de 25 de dezembro invariavelmente pensamos no divino e quanto estamos longe de nos intitular legítimos filhos de Deus. Porque faltou fazer esse ano, faltou conviver mais, faltou conversar mais, faltou amar mais, faltou viver mais. Espiritualmente o ano foi bom se crescemos vertical e horizontalmente aos que nos são próximos. Foi bom o ano se contribuímos para o bem-estar, se de alguma forma iluminamos caminhos, estendemos as mãos e se fomos solidários. Gosto dos filmes americanos que tratam do natal, do milagre e da redescoberta que podemos ser melhores do que somos. Se nada disso aconteceu, foi um ano perdido, que não valeu a pena. Mas, há tempo, sempre há tempo para tentar de novo, sempre há tempo para teu milagre florescer, para a gente ser digno desse presente chamado vida.

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