O atraso na entrega de correspondências pode piorar ainda mais em Passo Fundo. O alerta foi feito pelo um delegado regional do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafo do Rio Grande do Sul (SINTECT/RS). Segundo ele, isso deve ocorrer porque os Correios pretende implementar o Distrito Domiciliar Alternado (DDA), significando que cada carteiro terá que revezar a entrega das correspondências em dois lugares distintos. “Com a implantação do DDA, alguns lugares que estão com correspondências atrasadas há 10 dias, ficarão 20 dias sem receber as cartas. Além disso, nós trabalhadores dos Correios, estamos sendo agredidos fisicamente e moralmente, e a empresa nada faz para diminuir essa situação”, relata. O trabalhador foi convidado pelo vereador Wilson Lill, PSB, a manifestar a preocupação na Tribuna Popular da Câmara de Vereadores, na semana passada.
O sindicalista afirma que a empresa perdeu aproximadamente 20 funcionários, desde setembro de 2014, sem reposição até o momento. “A sociedade não sabe o que acontece. Desde 2011estamos lutando para realização de concurso público e isso ainda não aconteceu. Eles contrataram apenas terceirizados, mas mesmo assim um número muito inferior. Hoje a unidade do Centro de Distribuição Distrital (CDD) de Passo Fundo, que entrega carta em todos os bairros da cidade, deveria trabalhar com 36 pessoas, e estamos trabalhando com 21”, conclui. No final, pediu aos vereadores que façam uma moção de apoio para que o Correio contrate o número mínimo necessário de trabalhadores.
Segundo o secretário de assuntos jurídicos do SINTECT/RS, Rodrigo Alves, o que está acontecendo no município é que a empresa está tomando medidas que vão prejudicar tanto os trabalhadores quanto a população, já que além do trabalho dobrado, a unidade de Passo Fundo deixará de tratar alguns objetos e determinados CEP’s, que serão repassadas para outra cidade, Porto Alegre ou Santa Maria. “Vamos pedir uma audiência pública, já que a empresa não discute o assunto com a categoria. Hoje já existe atraso, com as mudanças, o problema vai piorar”, relata. Conforme Alves, existe aproximadamente 20 funcionários que estão em Caxias, mas residem em Passo Fundo, que tentam a transferência sem sucesso, o que poderia suprir a falta de gente.
Em nota, o SINTECT/RS disse que empresa está cada vez mais precarizada, com condições de trabalho abaixo do aceitável e com muita pressão diária. “O DDA visa recalcular os distritos para que seu tamanho aumente, assim o trabalhador entrega apenas metade dele a cada dia, tendo consequência o aumento brutal da carga para o trabalhador. Essa nova forma de organizar a entrega além de prejudicar seriamente a saúde dos trabalhadores, atinge diretamente a prestação dos serviços de Correios, com impactos para a população. Não bastasse as unidades pequenas estarem sendo afetadas por esta precarização, o próximo passo dos Correios é levar este absurdo aos CDDs, começando pelo CDD Passo Fundo. Os trabalhadores em conjunto com o Sindicato estão se mobilizando politicamente, solicitando reuniões com a direção da empresa e buscando auxílio junto à Câmara de Vereadores.
Teremos uma intervenção que será feita por um dos delegados sindicais do CDD Passo Fundo, Josemar Lara, e na sequência solicitaremos que se organize uma audiência pública para fazer este debate tão importante com a população e representações de bairros. Não aceitaremos redução de direitos”, conclui a nota.
Contraponto
A assessoria de imprensa dos Correios do RS, alega que eles trabalham com um sistema que só libera a transferência se existir a vaga no local solicitado e se a saída não onerar a unidade onde o empregado trabalha. “Os empregados que trabalham em Caxias e moram em Passo Fundo fizeram concurso público para atuar em Passo Fundo, no entanto, quando as vagas para Passo Fundo foram todas preenchidas, os próximos da lista de aprovados foram convidados para trabalhar em Caxias, pois lá ainda havia vagas para contratação. Todos aceitaram trabalhar em Caxias do Sul e assim foram contratados. Alguns já conseguiram transferência para atuar em Passo Fundo. No entanto, isso depende das condições citadas acima”, relata. Sobre a DDA, a nota explica que está suspenso temporariamente, até junho de 2016, para que se faça uma nova avaliação até março de 2016. “Durante este período, 10 unidades indicadas da empresa passarão por testes com o objetivo de avaliar e definir os critérios do processo de implantação da sistemática. As unidades que farão o teste piloto ainda não foram definidas pelos Correios. O DDA tem o objetivo de replanejar a distribuição de forma a não provocar prejuízo no prazo de entrega ou impactar o trabalho do carteiro”, conclui a assessoria.