Preço cobrado por usina gera reclamações

Depois de cerca de três meses de funcionamento da usina de reciclagem de resíduos sólidos, há divergência de opiniões a cerca dos valores cobrados pela destinação do entulho

Por
· 3 min de leitura
A usina recicla apenas resíduos da construção civil e precisa encaminhar a outra empresa materiais como colchões, sofás e roupasA usina recicla apenas resíduos da construção civil e precisa encaminhar a outra empresa materiais como colchões, sofás e roupas
A usina recicla apenas resíduos da construção civil e precisa encaminhar a outra empresa materiais como colchões, sofás e roupas
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Desde o mês de outubro do ano passado o entulho tem destino correto em Passo Fundo. Os resíduos da construção civil devem ser descartados na usina de reciclagem de resíduos sólidos, a Rizzotto Eco Smart, responsável por dar a destinação correta ao material. No entanto, há reclamações a cerca dos valores cobrados pela usina para o recebimento dos resíduos. O dono de uma empresa de tele-entulho do município, que preferiu não ser identificado, conta que os preços subiram muito desde a abertura da empresa. O que, segundo ele, torna o trabalho impraticável. “Eles começaram com um preço para receber o entulho de R$ 30,00 na primeira semana, passou para R$ 50,00 na segunda semana. E na terceira semana já estava em R$ 65,00. Agora estão cobrando um preço de R$ 100,00”. De acordo com ele, quando é levada uma caixa até o local e são encontrados outros materiais no meio, como um colchão ou um sofá, para cada item é adicionado um valor. “O gesso, por exemplo, tem um valor de R$450,00. Nós não temos como nos defender disso porque nós não temos um raio X para verificar se esse material está embaixo do entulho no contêiner. Nós estamos, muitas vezes, trabalhando de graça”. O preço não pode ser repassado ao cliente porque, como as caixas ficam na rua, não há como saber quem depositou o lixo no local. “A usina não poderia ter empresa de tele-entulho. Está um caos para trabalhar. Está muito difícil”.

Os preços acabaram afetando o gerador do resíduo, o cidadão que precisa dar o destino correto ao entulho da sua construção. Antes da mudança, em outubro, o serviço tinha um custo de R$ 150,00. Esse valor está em R$ 250,00. Se for gesso, o preço sobe para R$ 650,00.  “O cidadão de Passo Fundo, hoje, está pagando muito caro. Tanto é que se você der uma volta pela cidade vai verificar a quantidade de móveis atirados na rua. Como existe essa única empresa não temos abertura. Aí as nossas empresas estão paradas. Se tornou uma concorrência desleal”.

Contraponto
O diretor da Rizzotto Terraplenagem e Tele Entulho, Fernando Rizzotto, explica que, desde o começo,os empresários donos de tele-entulho, sabiam que o valor cobrado seria de R$ 75,00.  Os R$ 30,00, segundo ele, foram para um teste da usina. “Ainda não era obrigatório levar o entulho na usina, eu falei que eles poderiam levar para eu fazer um teste de capacidade, porque era tudo novidade. Eu cobrei esse valor para ter o material e poder fazer o teste. Quando foi chegando próximo ao prazo que o Ministério Público entrou em acordo com as empresas, passamos a cobrar R$ 75,00 como desde o primeiro dia todos sabiam”. O problema, conforme Rizzotto, é que o material que chega para eles não é resíduo da construção civil, mas sim, lixo.“Tem empresas que não levam todo o material classe A para nós, levam somente lixo.É colchão, madeira podre, roupa, tudo o que não é da construção.  E quando é somente lixo nós cobramos R$100,00”. Ele explica que, quando recebe um colchão ou um sofá, deve chamar aCentral de Tratamento de Resíduo(Cetric) para destinar corretamente. “Se eu não cobrar é porque estou fazendo alguma coisa errada. Eu trabalho certo, então tenho que cobrar pelo valor que tenho que destinar”. Dentro de 45 dias a usina receberá o equipamento que beneficia o gesso, o que fará com que o preço caia para cerca de R$ 100,00. 

CTR
Rizzotto lembra que o gerador, por lei, é responsável pela correta destinação dos resíduos. “Por isso exija o Controle de Transporte de Resíduos (CTR). Assim, vai comprovar que destinou corretamente. Se não exigir da empresa o CTR e algum dia a fiscalização perguntar se o resíduo foi destinado corretamente e a CTR for mostrada o problema será da empresa, por ter largado em outro local. É muito importante o gerador solicitar este documento à empresa”, explica.

Secretaria
A secretaria de Meio Ambiente do município é responsável por realizar a fiscalização da destinação correta dos resíduos e fazer o licenciamento ambiental do empreendimento. Porém, segundo o secretário Rubens Astolfi a secretaria não possui envolvimento com o mercado,portanto não tem como controlar os preços cobrados. Sobre a destinação correta dos resíduos, a equipe da secretaria não identificou nenhuma mudança de comportamento desde que a usina começou a operar, em outubro.

Gostou? Compartilhe