OPINIÃO

Celestino Meneghini

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· 2 min de leitura
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Apertar o cinto

A idéia de racionalizar gastos, principalmente com novo direcionamento e checagem das prioridades, não é mais uma sugestão dos economistas. É necessidade que se contrapõe a euforias de um curto período onde os recursos pareciam mais acessíveis a uma camada abrangente da população. Esta realidade atinge primeiro algumas formulações fictícias de mero status social de país emergente. A dita onda de consumismo foi boa para um Brasil capitalista enquanto durou. No nosso modelo é preciso reconhecer que a circulação de dinheiro ativou e gerou surto de rendas com boa dose de produção direta. A agropecuária, por exemplo, deu um salto e aproxima a nação dos maiores produtores do mundo. A indústria aprimorou e se consolidou parcialmente.  Vieram também os importados supérfluos causando transferências de recursos a outras economias, com influência negativa na balança comercial do país.

Apertar o cinto II

Precisamos olhar para a recente história da Alemanha que ressurgiu do extermínio da segunda guerra, sem dinheiro, sem comida, sem governo e sem a maior parte de sua juventude. Começou a base do surgimento com o povo que sobreviveu. Acreditou nos fundamentos do ser criativo e no trabalho. Surgiu a reconstrução no arrocho que adverte esta civilização ainda hoje: “Den Riamen Enger Schnallen” (apertar o cinto). Parece cruel a citação da expressão perante um quadro de devastação que dizimou quase tudo. A igualdade fora instalada da pior forma, e a noite da destruição igualava a todos. Mas não Havia mais guerra! Aquele povo reuniu tudo o que sobrou e retomou a vida partindo de um cenário de horror. Não só a Alemanha produziu seu prodígio, mas a Europa reciclou-se.

Apertar o cinto  III

Direis que não é comparável a situação do Brasil à crise alemã. Nem é isso que se pretende dizer. O que se mira é a urgência de decisões que não sejam apenas epidérmicas. A crise de credibilidade que afetou a governabilidade e o sistema empreendedor privado podem sim começar com o estado policialesco que se instala perante o assalto aos cofres públicos, há longo tempo. A nova geração de promotores públicos, agentes da Polícia Federal, com premência da imprensa, deflagrou o temor novo, que atinge o asfalto, antes só temido nos morros. O Japonês da PF (Newton Ishii) virou símbolo de uma caçada implacável. E vai continuar, segundo as próprias notícias de que não faltará recursos para o aparelhamento policial brasileiro. Já surgem advertências sobre possível acerbo policial que expõe figuras eminentes da República. A opinião popular sedenta de atitude oficial não percebe perigo para a democracia. Mas há estancamento da sangria de recursos público num policiamento que seja aprimorado. Paralelamente, em tudo, urge apertar o cinto! Isso será mais radical nos gastos sem controle num território gigante e uma cultura de vigilância do povo. Só essa democracia poderá contrapor-se à comprometedora formação representativa do Congresso Nacional. Cada povo tem sua característica, mas é indispensável mirar-se na epopéia dos alemães, uma democracia.

    Retoques:

  • Ao serem detonados os escândalos que envolvem lideranças políticas, o PMDB vislumbrou imediatamente o espólio político de um PT em desmanche. Do jeito que estão as denúncias parece que a estratégia esbarra na expressão popular do “cachorro que rodopia e acaba mordendo o próprio rabo”! Até os tucanos abandonaram o rumo da oposição por entenderem que o deputado Cunha é o rabo.
  • As estruturas de saúde esbarram no saneamento básico, como na de microcefalia que ultrapassa os três mil casos. É claro que os moradores, todos, obrigatoriamente devem cuidar das casas para não criar o Aedes Aegypti.
  • A Venezuela inicia novo ciclo a partir da maioria oposicionista no governo Nicolas Maduro. Como já se previa, o país já convive com a falta de comida e a maioria quer liberdade para presos políticos.
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