O papel dos pais, dos avós, irmãos, tios, dindos, etc. na vida da criança é incalculável na sua importância e primordial para o bom desenvolvimento físico, intelectual, ético, social e emocional deste ser em formação. Na fonoterapia não haveria de ser diferente. Infelizmente, quando os pais e/ou familiares nos procuram, nem sempre a demanda do atendimento surge no lar. Muitos referem que a escola pediu uma avaliação fonoaudiológica porque a criança está com problemas na sua comunicação. De fato, o ambiente escolar têm uma demanda comunicativa muito grande, mas e a comunicação em casa, como anda? Provavelmente, os erros articulatórios, fonêmicos, a gagueira, a dificuldade auditiva já estavam acontecendo no lar e não foram percebidos ou devidamente valorizados.
As dificuldades comunicativas que podem aparecer ao longo do desenvolvimento infantil têm causas diversas, muitas desconhecidas. Contudo, existem fatores que influenciam diretamente no desenvolvimento comunicativo da criança e têm relação direta com o que acontece dentro de casa. Por isso, não há como obter-se sucesso na terapia fonoaudiológica sem a parceria e o interesse da família. O bebê já é um ser que se comunica, primeiramente sem intenção, mas com o passar do tempo passa a demonstrar interesse pelo mundo que o cerca e a interagir com ele. Cabe aos pais e familiares estarem atentos se esta interação está se dando de forma adequada e competente, ou seja, perceber na criança qualquer atraso no seu desenvolvimento ou dificuldade de se relacionar com seus pares de acordo com a sua idade e respeitando os estágios do desenvolvimento da comunicação.
No primeiro ano de vida, próximo aos primeiros passos, surgem as primeiras palavras, se estas não surgirem, devemos ficar atentos. Aos dois anos de idade, espera-se que a criança já esteja juntando duas palavras. Com três anos, já esperamos ouvir histórias de sua boca. Até os quatro anos e meio, no máximo cinco anos, esta criança deve estar dominando todos os sons da língua portuguesa, sem erros, trocas, ou omissões; formando frases longas e complexas, assim como entendendo grande parte das informações verbais que recebe. Para que isso ocorra, deve ter sido corretamente estimulada, recebendo uma linguagem adequada, completa, não-infantilizada, sentindo a necessidade de se comunicar e se fazer entender. Deve ser solicitada no ambiente familiar a pedir o que quer, falar o que sente, deve ouvir histórias e cantar músicas estimulando seu sistema auditivo que precisa estar íntegro para permitir sua apropriação ao sistema linguístico que está exposta.
Nossas crianças precisam de muita atenção. Atenção que abrange carinho, conversa, tempo para brincar, para ouvir, para mostrar-lhe o que pode e o que não pode fazer, a respeitar ordens, entender o que é certo e errado, saber até onde pode ir. O desenvolvimento global da criança também demanda atenção, pois quanto mais cedo um déficit é percebido, diagnosticado e tratado, mais chances de completa recuperação. E cabe aos olhos, aos ouvidos e a sensibilidade dos pais perceber quando seu filho precisa da avaliação e da intervenção de um profissional de saúde.
Na terapia fonoaudiológica, grande parte do treino e dos exercícios devem ser feitos em casa na companhia e supervisão de um adulto. Do contrário, se torna uma terapia prolongada onde os objetivos não são completamente alcançados. A preocupação, a participação, o incentivo, a presença dos pais e cuidadores neste processo é básico, fundamental. Assim como a escola, já a alguns anos, reclama a participação e interesse de muitos pais, as diferentes terapias da área da saúde também precisam da efetiva participação daqueles que são os principais colaboradores para o êxito dos seus filhos nos diferentes âmbitos de suas vidas, seja na trajetória escolar, nas suas habilidades comunicativas, no seu comportamento e interação com o mundo. A maior de todas as responsabilidades e a que nenhum curso no mundo ensina: ser pai e mãe. Tarefa árdua, porém gratificante quando feita com amor. E a parceria família+escola+profissionais de saúde têm tudo para resultar em ganhos ao adequado desenvolvimento das nossas crianças, pois elas merecem essa parceria, esse cuidado, esse amor!
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