Julgamento antecipado
Os segmentos de informação da imprensa brasileira seguem o rastro do principal envolvido nos manejos de recursos públicos envolvendo propina, nos negócios da Petrobras. Nestor Cerveró, preso há vários meses retorna como ave de rapina capturada para visitar novamente os cenários onde habitou com sua voracidade tétrica, partícipe ativo e passivo da corrupção. Para o jornalismo abrem-se dilemas pertinentes à precisão das informações que escorrem em forma de vazamento. É difícil lidar com a escassez de dados desta ferida nacional que expele vurmo aos poucos. Os cuidados, certamente tomados, são carga de responsabilidade nem sempre tomados com equilíbrio no que se diz vazamento ilegal. É inarredável o surgimento de espectro difícil de esclarecer pela característica de clandestinidade dos atos que envolvem grandes interesses escusos. Os dados da delação premiada acatada em relação a Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobras, por certo já eram conhecidos desde o início da investigação policial do Lava Jato, inclusive fumegando em direção a Lula e o próprio Fernando Henrique (1995-2002), em propina na aquisição da PeCom argentina. O emaranhado de suspeitas envolve o nome do ex-presidente Lula na indicação de Cerveró e transações do Banco Schain, maquiando empréstimo para pagar dívida do PT, via José Carlos Bumlai. Depreende-se que as declarações do delator, ainda vagas, no sentido de comprovação, situem-se na orla da influência presidencial. Nestas alturas, entre a missão de prover a transparência e a qualidade da notícia investigativa estabelece inevitável crise para a mídia. A apuração dos fatos, enigmática para a polícia, não será fácil para a imprensa que tem ficado atrelada, a mercê de alguns talentos mais influentes do jornalismo investigativo. Por isso, o perigo permanente é o julgamento antecipado provocado pelos conteúdos esparsos, contaminados pela visão facciosa.
Predatório aberto
De quando em vez, com surgimento de informações sobre envolvimentos, reacendem-se os fachos púgeis partidários, com grau elevado de passionalidade, visando alvos de adversários. Assim foram os pronunciamentos da oposição no Congresso contra o possível candidato Lula. O tiroteio é amplo e lideranças tucanas advertem que é preciso não desviar o foco em direção a Lula, esquecendo Dilma. FHC declara que as negociações em seu governo foram exemplares. Lula já afirmou que Cerveró foi indicação do PTB como aliado do governo.
No lixo da opinião
Se as informações na grande mídia nem sempre se comprovam, os canais de opinião no Facebook ou Google são eivados de desinformação, sem veracidade das fontes e grande número de impropérios lamentáveis. Grande parte dos comentários nada serve para informar ou revelar provas aos devidos processos. Isso desqualifica a serenidade, com uso indevido dos canais de comunicação virtual e joga no lixo o senso opinativo. Sem a seriedade mínima, dados são distorcidos como “pérolas jogadas aos porcos”, lembrado no dito popular “margueritas ad porculam”. Tudo o que excede o direito de repúdio é lixo de opinião!
Retoques:
A suspensão de fabricação da Manitowok de Passo Fundo é o primeiro baque surdo da crise mundial que atinge a região.
A falta de recursos para o carnaval de rua da cidade pode ser minimizada com a retomada do fundamento cultural e artístico presente nas batucadas. São os ritmos de ancestrais que formam a essência da manifestação popular, muito mais que as alegorias, que são caras.
Além da abertura a novas práticas de exercício físico, as ciclovias de Passo Fundo realçam a importância das pessoas no uso da via pública. É exercício pedagógico na tarefa educativa imperiosa de destronar o automóvel como dono absoluto dos espaços.
A culpa não é do computador, é da ausência do contato com nosso vernáculo. A falta de leitura e severidade no ensino básico do português levou 53 mil candidatos a receberem nota zero na redação.