A frase acima foi repetidamente usada por Valfrido Canavieira, proprietário da Irvaca (Indústrias Reunidas Valfrido Canavieira), personagem de Chico Anísio, prefeito de Chico City. Apesar do anedotário do gênio há verdades contidas nessa expressão porque palavras podem soar absolutamente vazias na maioria das vezes. Quando crianças temos a fase dos porquês. Perguntamos o porquê disso, o porquê daquilo e quando adultos somos auto-surpreendidos em questões referidas à existência: qual é o sentido da vida, qual é o meu desiderato, aonde quero chegar?
Quando reflito sobre disso costumo perguntar aos amigos que palavras são mais importantes. As respostas não são muito diferentes: família, paz, amor, fé (Deus), felicidade, humanidade, moral e ética, transparência. Se são essas as palavras que julgamos cruciais para nossas vidas resta saber se não palavras vazias, nada mais que palavras. Se citei a palavra família, por exemplo, será que a vivo intensamente? Será que destino a ela os meus melhores momentos e intenções? Se citei a palavra Deus, outro exemplo, quanto será que destino de meu tempo para praticar o que consta no evangelho? Será que Deus é uma questão intimista para meu conforto pessoal ou Deus é ação para os outros, ações comunitárias? Lembro de uma amiga de colégio que fumava enquanto olhava as estrelas tristemente e referindo a beleza daquelas luzes distantes. Lembrei daí de Mário Lago citando: não quero um punhado de estrelas vazias, eu quero a alegria do verbo viver. Estrela, luz, vida e alegria, palavras que deveriam ser conjugadas para que tivéssemos vida prodigiosa, caso contrário, apenas palavras vazias e sem sentido prático nenhum.
Os meus cabelos brancos deveriam me trazer a serenidade dos tempos, mas me trazem mais inquietude. Sou consumido para me interrogar continuamente se estou dando o meu melhor, sou consumido para cobranças sobre meu desempenho global como marido, pai, cirurgião, espírita, amigo e pessoa. Minhas palavras são: família, compromissos, paz. Amor? Não, amor é algo sublime persistentemente ligado a um amor de dois. Esse tipo de amor é bem legal de a gente ter, mas talvez não seja o mais importante. O amor mais profundo é o amor pelo que a gente faz diuturnamente, amor pelas pessoas antecessores-sucessores, pela causa que abraça. Esse amor é percebido pela tesão que a gente tem pela vida e pelo brilho nos olhos de cada um. Não quero ter uma vida somente de palavras, quero vida de exercício pleno de minhas ideias.
Essa crônica foi escrita em quinze minutos e sem a revisão necessária para ficar bem possante. É o que me veio para te perguntar sobre as palavras que dominam tua vida.
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